Resumindo
a Liturgia do Sábado, dia 01./06/03
Ben
Sirá conclui o seu livro com uma oração , que ocupa o capítulo 50, a partir do
versículo 29, e se prolonga pelo capítulo 51, até ao versículo 12. É uma digna
conclusão para a sua obra sobre a Sabedoria. As últimas palavras da oração são
um propósito em ordem ao futuro: «Eu te glorificarei, cantarei os teus
louvores, e bendirei o nome do Senho» (v. 12).
Logo depois, ao fazer memória da
sua caminhada na busca da Sabedoria, o autor tira outra conclusão: «Graças a
ela (à Sabedoria), adquiri inteligência desde o princípio; por isso nunca serei
abandonado» (v. 20).
Ben Sirá, na alusão às suas viagens, reconhece que houve
tempo, provavelmente na juventude, em que andou desorientado. Mas teve tempo
para encontrar a sabedoria, na oração: «Pedi-a a Deus, diante do santuário» (v.
14). Não basta a inteligência e o esforço humano para encontrar a sabedoria,
porque ela é, sobretudo, um dom de Deus, uma participação na Sua própria
Sabedoria. É por isso que a Sabedoria faz caminhar, faz crescer: «Nela fiz grandes
progressos» (v. 17). Sendo a Sabedoria um dom divino, o homem sente necessidade
de agradecê-la a Deus: «Tributarei glória àquele que me deu a sabedoria,
18porque resolvi pô-la em prática» (vv. 17b-18ª).
Um dom tão precioso como a
Sabedoria não se pode desperdiçar. Por isso, Ben Sirá procura transmiti-la às
gerações futuras. Hoje, somos nós que recebemos esse dom, sendo chamados a
desposar-nos com a Sabedoria, que nos prepara para a vinda de Cristo,
«Sabedoria de Deus».
Evangelho:
Marcos 11, 27-33
A
atitude «subversiva» de Jesus no templo inquietou os chefes, que resolveram
interrogá-lo. Dir-se-ia que se trata de um inquérito à margem do processo
oficial. A resposta positiva de Jesus, à pergunta que lhe faziam, equivalia a
declarar-se Messias, pois só Messias tem autoridade para tomar tais atitudes. E
nada mais seria preciso para um processo oficial contra Ele. Com grande
habilidade, Jesus responde com outra pergunta, que lança a confusão entre os
seus adversários. Como não tiveram coragem para responder, e se escudaram num
lacónico «não sabemos», Jesus despediu-os com uma expressão seca: «Nem Eu vos
digo com que autoridade faço estas coisas» (v. 33).
Talvez nos espante esta
atitude de Jesus, tão atencioso e compassivo com Bartimeu. Mas o Senhor detesta
a arrogância e a má vontade. É puro, mas não ingénuo.
O
evangelho apresenta-nos os chefes do povo de Jerusalém que, indispostos, vão
interrogar Jesus sobre os milagres que faz. O Senhor contra-ataca, fazendo
perguntas que os deixam embaraçados, porque lhes fazem ver que não só não
aceitaram o baptismo de João, não procuraram Jesus com pureza de coração, e nem
sequer a verdade, mas unicamente os seus interesses mesquinhos. Por isso,
acabam por responder: «Não sabemos». Não encontraram a Sabedoria. Pelo contrário,
Maria, que sempre gostamos de recordar, particularmente em dia de sábado, é,
para nós, modelo da busca da Sabedoria, porque procura a vontade de Deus com
simplicidade e pureza de coração. Também ela fez uma pergunta ao anjo, na
Anunciação: «Como será isso, se eu não conheço homem?» (Lc 1, 34). A pergunta
de Maria não é má. A Virgem apenas pede um esclarecimento. Ouve respostas que
não esclarecem tudo, mas lhe dizem que Deus tem um projecto onde Ela entra. E
Maria aceita confiadamente participar nele. É o mesmo abandono e
disponibilidade que Deus nos pede.
Muitas
vezes, os nossos pedidos a Deus, na oração, não obtêm logo resposta. Essa
chega-nos na vida, nos acontecimentos. É por isso que Maria observava o que se
passa à sua volta com Jesus, guardando e meditando tudo no seu coração. Com
humildade, paciência e constância, Maria procurava a sabedoria sobre o projecto
de Deus, que se revelava pouco a pouco, e ao qual aderia de todo o coração.
Assim há-de ser também a nossa atitude.
Nenhum comentário:
Postar um comentário