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sábado, 29 de setembro de 2012

Evangelho do sábado, dia 29/09/2012.


Gabriel e Rafael
Evangelho (Jn 1,47-51): Naquele tempo, Jesus viu Natanael que vinha ao seu encontro e declarou a respeito dele: Este é um verdadeiro israelita, no qual não há falsidade! Natanael disse-lhe: De onde me conheces? Jesus respondeu: Antes que Filipe te chamasse, quando estavas debaixo da figueira, eu te vi. Natanael exclamou: Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel! Jesus lhe respondeu: Estás crendo só porque falei que te vi debaixo da figueira? Verás coisas maiores que estas. E disse-lhe ainda: Em verdade, em verdade, vos digo: vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem.
Comentário: Cardenal Jorge MEJÍA Arquivista e Bibliotecário de la S.R.I. (Città del Vaticano, Vaticano)
Vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem!.

Hoje, na festa dos Santos Arcanjos, Jesus manifesta aos seus Apostoles e a todos, a presença dos seus arcanjos e, a relação que com Ele mantêm. Os anjos estão na glória celestial, onde louvam perenemente ao Filho do homem, que é o Filho de Deus. O rodeiam e estão ao seu serviço.

Subir e descer nos lembra o episódio do sono do Patriarca Jacob, quem dormindo sobre uma pedra durante sua viagem à terra de origem de sua família (Mesopotâmia), enxerga aos anjos que descem e sobem por uma misteriosa escada que une o céu e a terra, enquanto Deus mesmo está de pé junto dele e lhe comunica sua mensagem. Reparemos a relação entre a comunicação divina e a presença ativa dos anjos.

Desse modo, Gabriel, Miguel e Rafael aparecem na Bíblia como presentes nas vicissitudes terrenas e levando aos homens -como nos diz São Gregório Magno- as comunicações, por meio de sua presença e, a suas mesmas ações, que mudam decisivamente nossas vidas. Chamam-se, precisamente arcanjos, príncipes dos anjos, porque são enviados para as missões mais importantes.

Gabriel foi enviado para anunciar a Maria Santíssima a concepção virginal do Filho de Deus, que é o princípio de nossa redenção (cf. Lc 1). Miguel luta contra anjos rebeldes e os expulsa do céu (cf. Ap 12). Nos anuncia, desse modo, o mistério da justiça divina, que também exerceu-se em seus anjos quando rebelaram-se e, dá-nos a segurança de sua vitória e a nossa sobre o mal. Rafael acompanha a Tobias júnior, o defende e, o aconselha e cura finalmente ao pai Tobit (cf. Tob). Por essa via, nos anuncia a presença dos anjos junto a cada uno de nós: o anjo que chamamos da Guarda.

26º Domingo do Tempo Comum, Ano B.


SEX, 28 DE SETEMBRO DE 2012 13:44 PADRES DEHONIANOS
             

A liturgia do 26º Domingo do Tempo Comum apresenta várias sugestões para que os crentes possam purificar a sua opção e integrar, de forma plena e total, a comunidade do Reino.
Uma das sugestões mais importantes (que a primeira leitura apresenta e que o Evangelho recupera) é a de que os crentes não pretendam ter o exclusivo do bem e da verdade, mas sejam capazes de reconhecer e aceitar a presença e a ação do Espírito de Deus através de tantas pessoas boas que não pertencem à instituição Igreja, mas que são sinais vivos do amor de Deus no meio do mundo.

Uma reflexão sobre o homem Jesus Cristo




Quem é Jesus? [Mc 8, 27-35. Lc 9, 18-22.]

P. Antenor de Andrade

 É de importância fundamental sabermos quem é JESUS, sobretudo para nós Cristãos. Todo aquele que aborda seriamente a vida, a própria existência tem este assunto como um dos pontos centrais de suas reflexões. Marcos em seu Evangelho tentou resolver esta indagação no oitavo dos dezesseis capítulos de sua narrativa.
Estamos ao Norte da Palestina, na Galiléia. O Mestre se encontra nos arredores de Casaréia de Felipe[1], local bastante povoado por pagãos. O texto  de Marcos dá a entender que Jesus inicia sua caminhada em direção a Jerusalém. Deste momento em diante começa a falar abertamente com seus discípulos sobre seu destino e o papel de seus discípulos na terra.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Evangelho, dia 28/09/2012


Dia Litúrgico: Sexta-feira da 25ª semana do Tempo Comum

Evangelho (Lc 9,18-22): Jesus estava orando, a sós, e os discípulos estavam com ele. Então, perguntou-lhes: «Quem dizem as multidões que eu sou?». Eles responderam: «Uns dizem que és João Batista; outros, que és Elias; outros ainda acham que algum dos antigos profetas ressuscitou». Mas Jesus perguntou: «E vós, quem dizeis que eu sou?». Pedro respondeu: «O Cristo de Deus». Mas ele advertiu-os para que não contassem isso a ninguém. E explicou: «É necessário o Filho do Homem sofrer muito e ser rejeitado pelos anciãos, sumos sacerdotes e escribas, ser morto e, no terceiro dia, ressuscitar».

Comentário: Rev. D. Pere OLIVA i March (Sant Feliu de Torelló, Barcelona, Espanha)

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

P. Lorenzo Giordano - IV


De Pombal ao Ipiranga (1759 a 1822)

P. Antenor de Andrade

É o período que se inicia com outra expulsão dos filhos de Santo Inácio pelo Marquês de Pombal e termina com a proclamação da Independência. Na época diversas foram as diretrizes seguidas pela política indigenista. As figuras principais de então foram o Marquês de Pombal e D. João VI.
Em 19 de maio de 1759, o Diretório indígena que até então servia para o Pará e o Maranhão foi estendido a toda a Colônia. Nele se reconhecia abertamente que os missionários tinham sido incapazes de cristianizar e civilizar os índios. Estes deveriam ser legalmente emancipados, os Jesuítas expulsos do Brasil e os demais missionários afastados da administração temporal relativa à catequese.
Segundo Pombal, Ministro de Dom José Primeiro, os povos indígenas não eram confiáveis, representando uma constante ameaça ao Estado português. Trabalhando sobre esta premissa, todo aquele que fosse defensor dos índios, tornava-se ipso facto, inimigo de Portugal e sua política. Foi assim que considerados perigosos, os padres jesuítas foram novamente banidos da América em 1759. Primeiro da América portuguesa, anos depois das Colônias espanholas.

«Para o Brasil e em especial para a Amazônia, foi o início de uma grande noite [faz lembrar a noite dos dez séculos da Idade Média.]. Os colégios dirigidos pelos padres foram fechados; as aldeias, com o tempo, foram abandonadas ou se tornaram cidades. No lugar dos jesuítas foram nomeados funcionários do governo, que exploravam os indígenas e violentavam suas mulheres»[1].

A ojeriza dos invasores e predadores contra os nativos americanos foi tamanha que chegaram incrivelmente a impor uma política de terra arrasada na grande Colônia dos trópicos.

«Para não conservar a lembrança das antigas culturas, as aldeias receberam nomes de cidades portuguesas, como Santarém, Barcelos, Bragança, Ourém, Alenquer e outras. As línguas indígenas foram proibidas e o português tornou-se língua oficial. Nessa época a língua geral, ou nheengatu, sistematizada pelos jesuítas e muito usada na Amazônia e no Sul do Brasil, foi proibida e considerada língua de selvagens e de povos atrasados»[2].

As consequências desta política foram altamente perniciosas para os habitantes locais. Despreparados preparados para viveram na situação artificial em que foram forçosamente colocados, tornaram-se fácil e rapidamente presa da ganância dos colonos, que de há muito cobiçavam o patrimônio do gentio.
A catequese dos índios, quase completamente abandonados, continuará com a pregação tradicional, através do trabalho denodado dos Capuchinhos italianos.

Do Ipiranga ao Império - 1822 a 1889

Os anos iniciais do Governo do Príncipe Regente, D. Pedro I, caracterizaram-se por uma política de verdadeira caça às bruxas: a do extermínio dos índios que não se dobrassem ao regime.
A catequese, afirmamos anteriormente, durante os cem anos de ausência jesuítica foi posta a cargo dos Capuchinhos. No entanto, com a abdicação de D. Pedro I (1831), os valorosos frades passaram também eles a serem atingidos pelo veneno xenófobo dos senhores da maçonaria. Um decreto de 25 de agosto daquele ano, proibiu-lhes o exercício do ministério.
A catequese exercida pelos religiosos homens consagrados, vocacionados e excepcionais, quanto à dedicação à causa foi substituída pela leiga. À frente das aldeias foram colocadas pessoas impreparadas, sem vocação e carisma, muitas interessados apenas nos dividendos fáceis. Não era difícil prever-se um retumbante fracasso com as mais desastrosas consequências para os aborígenes. Os homens em seus humildes hábitos de capucha ou burel foram chamados de volta.
José Bonifácio preocupou-se pela integração física do país continental que nascia. Achava o Patriarca que para consolidação do Império brasileiro era de suma importância a integração dos brasis, que povoavam seu território.
A empresa envolvia enormes dificuldades. Em seus Apontamentos para a civilização dos Índios bravos do Império do Brasil, por ele apresentados ao Parlamento (01/06/1823), escreve:

«A causa destas dificuldades nasce do estado miserável em que se encontram os índios e do modo desumano com que, sucessivamente, Portugueses e Brasileiros os temos maltratado, e continuamos a fazê-lo ainda que com intenções de domesticá-los e torná-los felizes»[3].

A Constituinte do Império recebeu (12/12/1823) os Apontamentos do Patriarca da Independência, mas pouco se incomodou com a problemática indígena, assunto que na prática foi entregue às Províncias.
Governador de Mato Grosso e antigo estudante do Seminário de Mariana e da Faculdade de Direito de S. Paulo, José Vieira Couto de Magalhães (1837 – 1898) foi um dos leigos que melhor entendeu e formulou a política indigenista imperial. Para ele o Brasil não podia repetir com seus índios o mesmo de outras regiões americanas, onde se gastavam somas enormes com poucos resultados. A solução também não estaria no massacre dos aborígenes.
Entre os objetivos de sua política indigenista estavam a integração ao território nacional de grandes áreas que praticamente já eram reconhecidas pelo direito internacional; a preparação de quase mil trabalhadores para as fazendas, extracção de minérios, madeira, transportes. Uma das idéias era a integração das bacias fluviais platina e amazônica. Militar que era, Couto de Magalhães não esquecia a possibilidade que os silvícola poderiam ser os guardiães das fronteiras nacionais.
Por solicitação de D. Pedro I (1826) as autoridades civis e eclesiásticas provinciais organizaram um levantamento sobre a caminhada catequética indígena desde o Descobrimento. O que se apurou foi uma crítica geral aos “sistemas empregados em sua catequese e integração na sociedade nacional”. E em que pese a Pombal, defendia-se o método utilizado pelos Jesuítas com suas famosas Reduções..
A questão indígena recebe novo alento quando retornam os Capuchinhos italianos, autorizados pelo Decreto Imperial de 21 de junho de 1843. Dois anos mais tarde um outro Decreto estabelece normas a respeito das missões. Entre os objetivos estavam: a instrução geral, o ensino das artes e ofícios, a defesa dos índios, a fiscalização sobre os contratos de trabalhos. A doutrina cristã deveria ser ministrada sem jamais se usar de violência.
Um estudioso da causa índia fez o seguinte comentário sobre a catequese dos povos primitivos da colônia portuguesa do Atlântico Sul.

«Desde a expulsão dos Jesuítas arrefecera-se sensivelmente o fervor missionário – para vergonha nossa e de nossos dias – entre o clero brasileiro. Missionário para trabalhar entre índios e populações caboclas abandonadas deviam ser encomendados do estrangeiro. E os de fora, quando aqui chegavam, deixavam-se levar pela catequese mais fácil e de resultados mais imediatos entre as populações sertanejas ou das cidades... Deve-se, pois, admitir ter havido certo malogro das missões religiosas, podendo-se considerar de alguma maneira providencial a interferência laica organizada na República»[4].

Uma excepção é o trabalho do padre Francisco das Chagas Lima entre os puris da Serra da Mantiqueira e em Queluz, na fronteira com o Estado do Rio de Janeiro.

A problemática indígena durante os primeiros 26 anos da República (1889 – 1915)

Os missionários do humanismo positivista, instalados com a República, não conseguiram, como alguns deles desejavam, sistematizar o problema índio. A causa silvícola foi adiante impulsionada pela iniciativa particular. Com este objetivo, doze anos após a Proclamação da República, criou-se em S. Paulo uma Sociedade constituída por leigos e eclesiásticos.[5]
Em 1908 Dom Frederico Costa toma posse da diocese de Manaus[6]. Preocupado em conhecer sua enorme região inicia em janeiro daquele mesmo ano uma visita pastoral pelos territórios indígenas. O resultado de suas andanças, cuja segunda etapa terminou em fins de novembro, foi a publicação de uma longa Carta Pastoral de mais de duzentas páginas.
O bispo mostra uma grande sensibilidade para com a problemática índia, apresenta novas idéias e chama a atenção da Igreja para a situação catequética especial da região. Num desabafo corajoso, o bispo de Manaus investe contra o ufanismo de muitos que acham viverem num país sem problemas e não enxergam a situação dos genuínos brasileiros:

«Como brasileiro (sentimos o abandono dos índios) porque isso é um opróbrio, uma ignomínia, uma aviltação, uma vergonha para a nossa Pátria!....Quando há por aí homens que arrotam civilização e progresso e ciência e ludibriam, em nome de tudo isso, aquilo que temos de mais sacro, dir-se-ia que neste país já todos são sábios, não existem mais analfabetos, todos andam em delícias, em puro ideal de uma sociedade perfeita e, ao em vez, os genuínos brasileiros aí estão, como ferrete de ignomínia na fronte da Nação, no estado degradante da pura vida selvagem, sem que a menos se cogite de chamá-los ao grêmio da civilização...Vergonha!... – E esses homens repelentes, inchados de orgulho, soprando por todos os poros palavrões com que enganam os palpavos, ousam muitas vezes propor como meio de catequese e civilização....o que?...A bala...Infames! Malditos de Deus e dos homens e dos séculos por vir...»[7].

A exterminação dos nativos era acintosamente defendida até mesmo pelos gringos que aqui trabalhavam. Em artigo da revista do Museu Paulista, seu diretor o alemão Hermann von Ihering, “justificava o extermínio dos índios hostis que no Sul do País, não queriam ceder suas terras aos invasores europeus, colonos recém-chegados sobretudo da Alemanha”[8].
Em 07 de setembro de 1910, o governo cria o Serviço de Proteção ao Índio (SPI). À frente do novo órgão de assistência ao índio foi colocado o oficial engenheiro Cândido Mariano da Silva Rondon.
A situação dos brasis é motivo de preocupação também por parte de Sua Santidade, o Papa Pio X. Aos 07 de junho de 1912, o Antístite escreve a Encíclica Lacrimabilis statu, abordando a mísera condição em que viviam os silvícolas sul-americanos. O Brasil é particularmente citado, apela aos bispos, afirma que a caridade deve ser praticada também com as obras. A Carta pontifícia é um retrato da situação em que se encontravam os índios brasileiros na época.
Na realidade, o Brasil não foi uma excepção no relacionamento índios e invasores brancos. Como em outras regiões do grande Continente americano também em nossa terra, em alguns lugares mais que em outros, ocorreram as ferozes lutas e hediondos massacres entre o europeu considerado civilizado... e o autóctone.
Na época em que os salesianos chegaram ao Brasil, os maiores problemas estavam na área do Oeste, em Mato Grosso. Na Amazônia, onde os missionários turineses chegaram mais tarde, já não existiam tantas lutas sangrentas entre os caçadores de índios e os locais. Por outro lado, a imensidão da floresta inóspita, húmida e traiçoeira e a teia incomensurável dos rios da infinita bacia equatorial; constituíam, de certo modo, um refúgio tranquilo aos conhecedores natos daqueles confins.
No Oeste as bandeiras paulistas, atraídas pelas minas de ouro, alcançaram Mato Grosso, encontrando a resistência dos índios, entre eles os bororo[9], os mais numerosos, rígidos e belicosos. Ocupando uma grande zona territorial, travaram guerra contra o governo da Província de Mato Grosso. A paz veio somente em 1887.
O primeiro contato com este povo, que se estima vivesse na região, há pelo menos sete mil anos(Wüst & Vierter)[10], aconteceu através dos jesuítas no séc. XVII, quando vindos de Belém chegaram ao rios Araguaia, Taquari e S. Lourenço. Um segundo encontro com os brancos teria sido no século seguinte, quando as bandeiras paulistas à busca do ouro alcançaram a região de Cuiabá. Na época da exploração aurífera os bororo passaram a serem conhecidos através de dois grupos: os bororo ocidentais (bororo da campanha, ou bororo cabaçais) e os ocidentais (denominados também “Coroados”). Tal foi a agressão sofrida pelos bororo ocidentais que já na metade do séc. XX, foram considerados exterminados.
As lutas ferozes tiveram início com o grupo oriental, no momento em que se iniciou a construção de uma estrada através do vale do rio S. Lourenço. A via deveria ligar os Estados de Mato Grosso, S. Paulo e Minas Gerais. A guerra que foi além dos cinquenta anos terminou com a rendição dos milenares donos das terras do Oeste oriental. Os salesianos chegaram a tempo, conseguindo livrá-los em parte da dizimação.
“Pacificados”, os vencidos foram aldeiados em Colônias militares como Teresa Cristina[11] (1886), iniciada pelo Governo de Mato Grosso e dirigida por soldados da Polícia. Chegou a agrupar 1000 bororo. Outro agrupamento semelhante foi a Colônia Isabel (1887). Na política dos brancos em relação ao índio, a prática do aldeamento era um dos pontos importantes. O mesmo processo de aldeias acontecerá no Pará.
Gastou-se inutilmente muito dinheiro nas Colônias, enquanto a vida bororo tornou-se sempre mais deprimente com os índios constantemente embriagados. Venceu a astúcia espoliadora dos civilizadores, que consistia em aldeá-los subtraindo-lhes a maior parte de suas terras. Quando já amalgamados com a população civil, segundo achavam os colonizadores, deixavam compulsoriamente as aldeias, recebendo alguns lotes de suas antigas terras para nelas sobreviverem ou morrerem. O restante de suas imensas áreas terminavam com os governos central, estadual ou municipal.
As guerras índias no Oeste brasileiro lembram as lutas sanguinolentas, entre o governo da Província de Buenos Aires, na Argentina e os araucânios de Namuncurá, na Patagônia Setentrional e Central, ou ainda as conquistas territoriais e morticínios entre os autóctones do Setentrião americano.
Vejamos o que escreveu o historiador salesiano Antônio da Silva Ferreira, citando as palavras do antropólogo alemão Karl von den Stein, a propósito da vida em Teresa Cristina:

«Eis o que foi a catequese: o índio, o oficial, o fornecedor, todos se enriqueciam o mais que podiam[...] O dinheiro destinado aos indígenas só serviu para por fim a esta magnífica matéria prima humana»[12].




[1] Centro de ..., [CÉSAR]…, A penetração na Amazônia, Cap. 18, p 119.
[2] Idem. …….., pp 119.
[3] Centro de…, CÉSAR, Catequese/75, p 44.
[4] Idem, …, p 47.
[5] Sociedade de Etnografia e Civilização dos índios. Compunha-se de 335 sócios, dos quais 49 eclesiásticos.
[6] Criada pelo Papa Leão XIII em 27 de abril de 1892, desmembrada de Belém do Pará.
[7] Centro de…, CÉSAR, Catequese/75, p 50.
[8] Idem, p 49.
[9] Bororo significa “pátio da aldeia”. Em forma circular apresenta um amplo pátio ao cento, palco e espaço ritual do povo bororo.
[10] http/:www.socioambiental.org/website/pib/epi/bororo/bororo.htm
[11] Na segunda expedição dos Salesianos a Mato Grosso em 1895, Dom  Lasagna aceitou a direção da Colônia Teresa Cristina (RSS 21 (1992) 169 – 220). Deixaram-na em 1898, iniciando novas Colônias entre os bororo (Colônia do S. Coração em 1901; Colônia da Imaculada Conceição em 1905; Colônia S. José em 1906.
[12]  LASAGNA, Epistolário..., Vol III, LAS – ROMA 2000, p. 20.

Evangelho, 27/09/2012


Dia Litúrgico: Quinta-feira da 25ª semana do Tempo Comum
Evangelho (Lc 9,7-9): Naquele tempo, o rei Herodes ouviu falar de tudo o que estava acontecendo, e ficou confuso, porque alguns diziam que João Batista tinha ressuscitado dos mortos. Outros diziam que Elias tinha aparecido; outros ainda, que um dos antigos profetas tinha ressuscitado. Então Herodes disse: «Eu mandei cortar a cabeça de João... Quem será esse homem, sobre quem ouço falar estas coisas?». E procurava ver Jesus.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Evangelho do dia 26 de Setembro




Dia Litúrgico: Quarta-feira da 25ª semana do Tempo Comum
Evangelho (Lc 9,1-6): Jesus convocou os Doze e deu-lhes poder e autoridade sobre todos os demônios e para curar doenças. Ele os enviou para anunciar o Reino de Deus e curar os enfermos. E disse-lhes: «Não leveis nada pelo caminho: nem cajado, nem sacola, nem pão, nem dinheiro, nem duas túnicas. Na casa onde entrardes, permanecei ali, até partirdes daí. Quanto àqueles que não vos acolherem, ao sairdes daquela cidade, sacudi a poeira dos vossos pés, para que sirva de testemunho contra eles». Os discípulos partiram e percorriam os povoados, anunciando a Boa Nova e fazendo curas por toda parte.
Comentário: Rev. D. Jordi CASTELLET i Sala (Sant Hipòlit de Voltregà, Barcelona, Espanha)
Jesus convocou os Doze e deu-lhes poder e autoridade sobre todos os demônios e para curar doenças

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Evangelho dia dia 25 de setembro, 2012.


Postado por: homilia
setembro 25th, 2012
Esta é uma das passagens preferidas daqueles que gostam de diminuir Maria. Aqui, Jesus afirma que Sua mãe e os irmãos d’Ele são aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática. Não podemos entrever, nas palavras de Jesus, um desprezo à Sua mãe. Antes, Jesus sabia que não houve uma mulher que fosse tão fiel às palavras de Deus, Seu Pai, senão Maria. Portanto, Jesus exalta aqueles que escutam a Sua Palavra e a põem em prática, a ponto de igualá-los à pessoa que Ele mais tem consideração no mundo: a Sua mãe.
É para mim e para você que Ele dirige esta bem-aventurança. Se nós escutarmos e pusermos em prática Seus ensinamentos, faremos parte da família d’Ele. E “fazer parte da família” implica dizer que teremos os mesmos direitos, os mesmos bens e os mesmos deveres.
Para aqueles que se questionam se Maria teve outros filhos ou não, quero levá-los a meditar no termo “irmão”. No idioma falado naquela região, na época de Jesus, era utilizado para designar irmão ou primo.
“Não é este o filho do carpinteiro? Não é Maria sua mãe? Não são seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas? E suas irmãs, não vivem todas entre nós? Donde lhe vem, pois, tudo isso?”(Mateus 13,55-56). A Sagrada Escritura nos dá claros indícios dos supostos “irmãos de Jesus”. Não eram filhos da mãe de Jesus, mas parentes em sentido amplo. A palavra grega Adelphoi, que nos Evangelhos é traduzida por “irmãos”, é equivalente ao vocábulo bíblico e semita “Ah” que significa “parentesco em geral”.
Tanto em aramaico como em hebraico, o termo “Ah” não designa somente os filhos dos mesmos genitores, mas também os primos ou parentes mais distantes, devido a pobreza vocabular dessas línguas, como pode ser observado em Gênesis 13,8-14; 29,12.15; 31,23; I Crônicas 23,21-23; II Crônicas 36,10; II Reis 36,10; I Samuel 20,29; Juizes 9,23.

P. Lorenzo Giordano - III


Os Franciscanos

Um grupo de Franciscanos desembarcou aos 12 de abril de 1585, na cidade de Olinda em Pernambuco. Traziam as bênçãos do Papa Sixto V, Franciscano, bem como o apoio de Felipe II, rei da Espanha. Tratava-se possivelmente da primeira tentativa de se iniciar uma catequese racional nas terras pernambucanas.

«Introduzidos nos rudimentos da língua nativa, os missionários começaram de imediato com um tipo de seminário para os filhos dos índios convertidos, formando-se aí os futuros catequistas indígenas. Cultivou-se de maneira especial a música , dando-se outrossim realce à comemoração dos mortos no dia de finados, muito a gosto dos índios, quando ofertavam as primícias de suas lavouras»[1].

Os padres fizeram-se presentes na região litorânea em direção ao Norte, até Filipéia de Nossa Senhora das Neves, hoje João Pessoa, capital da Paraiba. Naquele Estado fundaram as aldeias de Almagra, Pirajibe, Mangue, Joane. Em Pernambuco as de Olinda, Igarassu e Goiana. Ao Sul do Recife, Santo Agostinho e Assunção. Nas Alagoas, Porto de Pedras. Orgulhavam-se de serem os primeiros catequistas dos índios daquele Estado.
Em 1614 foi criada a Prefeitura Apostólica da Paraíba, o que motivou a retirada dos Franciscanos em 1619 e a passagem de suas atividades ao clero secular.
A política missionária franciscana tinha por objetivo conservar as culturas indígenas em seu meio, integrando-as posterior e lentamente na civilização. Havia uma série de normas a serem seguidas, compendiadas segundo consta em 1606, no Regulamento para os Missionários. Interessantes algumas das prescrições:

·                Em determinadas aldeias havia obrigação da clausura para os monges;
·                Os impedimentos de consanguinidade só eram dispensados com aprovação do Prelado;
·                Durante as aulas os alunos “estarão de feição que tenham medo e respeito a quem os ensina”;
·                Nenhuma mulher podia apanhar de palmatória de um religioso;
·                Os índios eram proibidos entrar nas celas dos frades;
·                O religioso não devia falar a sós com uma índia. Quando necessário devia fazê-lo na portaria e com um interprete;
·                As aldeias deviam ser visitadas duas vezes por semana, especialmente por causa dos doentes;
·                Os religiosos não dêem palpites com respeito aos salários estipulados entre índios e brancos;
·                Da Septuagésima até à Páscoa os índios não poderão trabalhar, além de oito dias. Isso “por respeito à doutrina e confissão[2].

Todas as aldeias das Missões tinham seu Regimento.
O diretor geral dos índios da Província de S. Paulo, José Arouche de Toledo Rendon afirma que o supramencionado Regimento fora estabelecido pelo Capítulo Provincial dos Franciscanos celebrado em 13 de agosto de 1745 no Rio de Janeiro. Continha normas gerais referentes ao governo das aldeias franciscanas.
Pode-se afirmar, que os três séculos da presença colonial portuguesa no Brasil caracterizaram-se pela presença quase constante dos filhos de S. Francisco (OFM). A atividade e o modo como faziam catequese entre os brasílicos tornou-se famosa, atraindo até mesmo a simpatia do bispo de Cabo Verde, que procurou empregar o mesmo método com os nativos de sua diocese.
Ao terminar o século XVII, diversas eram as Ordens religiosas presentes na Amazônia. Suas atividades eram por vezes pontilhadas de problemas. Porfiando-se entre si, cada grupo procurava conquistar o maior número possível de silvícolas. Deste modo poderiam atrair para si sempre mais as graças de Sua Majestade, a quem prestavam serviços.
Tentando amainar os conflitos foi promulgada um Carta Régia em 19/03/1693, pela qual os Jesuítas ficariam com o Sul da Amazônia, enquanto que aos Franciscanos e Religiosos da Piedade era entregue o Norte do Rio Amazonas. Os Mercedários e Carmelitas apresentavam problemas semelhantes. A situação deles foi regulada com outro Documento Régio de 29 de novembro de 1694.

Os Carmelitas

Fazemos uma menção especial aos Carmelitas, desbravadores e conquistadores da Amazônia Ocidental. Vamos encontrá-los na Bahia em 1581. No Rio Negro em 1695, fundando em 1710 as missões do Solimões. Fato ligado aos Salesianos é que foram os Carmelitas que em 1725, galgando as corredeiras do Rio Branco[3] e subindo o Rio Negro, iniciaram as missões do Rio Uaupés, posteriormente entregues aos filhos de D. Bosco. As regiões, onde hoje se encontram Tabatinga e Benjamin Constant, na fronteira com a Colômbia e Peru, eram inicialmente missões pertencentes aos espanhóis padres Samuel Fritz e João Batista Sana. Depois que estes deixaram a área, os Carmelitas ocuparam-na. Vamos encontrá-los em Mariuá, onde fundaram a primeira escola para os filhos dos indígenas. Mariuá, cujo nome foi trocado por Barcelos, por imposição pombalina, é hoje uma das missões salesianas do Rio Negro.

Os Carmelitas,

«contrariando a Provisão de 12 de setembro de 1727 da Metrópole falavam e divulgavam os linguajares indígenas, nomeadamente a língua-geral ou nheêngatu amazonense. Frustraram decididamente a acção dos sertanistas que, gananciosos, só visavam à destruição das culturas autóctones»[4].

Não se pode negar o papel destes homens naquela parte da Amazônia. Eles tomaram decididamente a direção dos Andes. Ali a Cruz conquistou pacificamente mais território, integrado posteriormente ao Brasil, que as “expedições militares, assinaladas com sangue e negativas na civilização dos selvagens”[5].
Além dos já mencionados, existem pregadores da fé também em outras regiões. No Maranhão em 1612 chegaram os Capuchinhos, juntamente com os conquistadores franceses. Os Mercedários aportaram no Pará em 1640 e os Oratorianos em 1662.
Não podemos deixar de assinalar a presença dos Protestantes. Seus pastores atuaram no Rio de Janeiro e no Nordeste, através da pregação calvinista de orientação francesa ou holandesa. Na Bahia da Guanabara permaneceram apenas um ano (1557 – 1558). Mesmo assim, P. Manuel da Nóbrega queixa-se da disseminação que fizeram da heresia de Calvino entre os índios.
Nos Estados nordestinos a atuação holandesa foi mais acentuada. Ali permaneceram cerca de 24 anos (1630 – 1654), sendo admirados por certa parte da população. Sua influência econômica e social chegou a ser visível. A bela ponte Maurício de Nassau construída sobre o Capibaribe, no Recife é um dos monumentos deixados por eles na região.
Os companheiros do Príncipe Nasssau tiveram alguns problemas para transmitir suas idéias. Entre eles o idioma e a rigidez extremista da Reforma religiosa que pregavam. Houve no entanto, verdadeiras conversões como a do potiguar Pedro Poty[6], da Baía da Traição.

«Alguma facilidade de que gozaram os calvinistas na catequese aos silvícolas desde a Bahia até à Paraíba, encontrou apoio na antipatia ou mesmo num certo ódio que as populações indígenas votavam aos portugueses pelos seus sistemas produtivos baseados na mão de obra escrava»[7].




[1] Idem, p 28.
[2] WILLEKE 1974: 77-78. Arquivo Nacional da Torre do Tombo em Lisboa, Santo Antônio dos Capuchos, maço 18, n. 26, fl. 2v-3v.
[3] O Rio Branco, corta a cidade de Boa Vista (Roraima), afluente da margem esquerda do Rio Negro é seu segundo maior tributário, depois do rio Uaupés, este também chamado pelos índios rio Caiari.
[4] Centro de..., CÉSAR, Catequese/75, p 36.
[5] Centro de ..., CÉSAR, Catequese/75, p 35.
[6] Vencidos os holandeses Pedro Poty foi enviado prisioneiro a Portugal. Durante o julgamento pela Inquisição, apesar de todas as ameaças manteve-se fiel à sua fé calvinista. «Sou cristão e melhor do que vós; creio em Cristo sem macular a religião com a idolatria...Aprendi a religião cristã e a pratico diariamente» (CDB).
[7] Centro de …, CÉSAR, Catequese/75, p39.

domingo, 23 de setembro de 2012

Evangelho do Domingo 25 do Tempo comum


Dia Litúrgico: Domingo XXV (B) do Tempo Comum
Evangelho (Mc 9,30-37): Partindo dali, Jesus e seus discípulos atravessavam a Galiléia, mas ele não queria que ninguém o soubesse. Ele ensinava seus discípulos e dizia-lhes: «O Filho do Homem vai ser entregue às mãos dos homens, e eles o matarão. Morto, porém, três dias depois ressuscitará». Mas eles não compreendiam o que lhes dizia e tinham medo de perguntar.

sábado, 22 de setembro de 2012

Evangelho do dia




Frutos: maior conhecimento da Palavra...
Leitura Orante


Lc 8,4-15

Uma grande multidão, vinda de várias cidades, veio ver Jesus. Quando todos estavam reunidos, ele contou esta parábola:
- Certo homem saiu para semear. E, quando estava espalhando as sementes, algumas caíram na beira do caminho, onde foram pisadas pelas pessoas e comidas pelos passarinhos. Outras sementes caíram num lugar onde havia muitas pedras, e, quando começaram a brotar, as plantas secaram porque não havia umidade. Outra parte caiu no meio de espinhos, que cresceram junto com as plantas e as sufocaram. Mas algumas sementes caíram em terra boa. As plantas cresceram e produziram cem grãos para cada semente.
E Jesus terminou, dizendo:
- Quem quiser ouvir, que ouça!
Os discípulos de Jesus perguntaram o que ele queria dizer com essa parábola. Jesus respondeu:
- A vocês Deus mostra os segredos do seu Reino. Mas aos outros tudo é ensinado por meio de parábolas, para que olhem e não enxerguem nada e para que escutem e não entendam.
- O que essa parábola quer dizer é o seguinte: a semente é a mensagem de Deus. As sementes que caíram na beira do caminho são as pessoas que ouvem a mensagem. Porém o Diabo chega e tira a mensagem do coração delas para que não creiam e não sejam salvas. As sementes que caíram onde havia muitas pedras são as pessoas que ouvem a mensagem e a recebem com muita alegria. Elas não têm raízes e por isso crêem somente por algum tempo; e, quando chega a tentação, abandonam tudo. As sementes que caíram no meio dos espinhos são as pessoas que ouvem a mensagem. Porém as preocupações, as riquezas e os prazeres desta vida aumentam e sufocam essas pessoas. Por isso os frutos que elas produzem nunca amadurecem. E as sementes que caíram em terra boa são aquelas pessoas que ouvem e guardam a mensagem no seu coração bom e obediente; e, porque são fiéis, produzem frutos. 

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

P. Lorenzo Giordano - II


Os Salesianos chegam ao Rio Negro

«As águas do dilúvio primevo ainda não escorreram de todo por lá»

Maior afluente da margem esquerda do Solimões, que o recebe na cidade de Manaus, o Rio Negro (5.571km), emprestou seu nome àquela circunscrição eclesiástica do Norte amazônico[1].
Criada cerca de três séculos, antes de ser ocupada pelos Salesianos, passou por constantes dificuldades, devido sobretudo às intermináveis distâncias. Mercedários, Carmelitas e Capuchinhos por ali passaram e não encontrando condições necessárias à propagação da fé, foram obrigados a abandoná-la, uns após outros. Nem mesmo a união, em 1896, com a Diocese de Manaus, foi possível solucionar os problemas.

DIA 21 - EVANGELHO

Dia Litúrgico: 21 de Setembro: São Mateus, apóstolo e evangelista Evangelho (Mt 9,9-13): Ao passar, Jesus viu um homem chamado Mateus, sentado na coletoria de impostos, e disse-lhe: «Segue-me!». Ele se levantou e seguiu-o. Depois, enquanto estava à mesa na casa de Mateus, vieram muitos publicanos e pecadores e sentaram-se à mesa, junto com Jesus e seus discípulos. Alguns fariseus viram isso e disseram aos discípulos: «Por que vosso mestre come com os publicanos e pecadores?». Tendo ouvido a pergunta, Jesus disse: «Não são as pessoas com saúde que precisam de médico, mas as doentes. Ide, pois, aprender o que significa: Misericórdia eu quero, não sacrifícios. De fato, não é a justos que vim chamar, mas a pecadores». Comentário: Rev. D. Joan PUJOL i Balcells (La Seu d'Urgell, Lleida, Espanha) Não é a justos que vim chamar, mas a pecadores Hoje celebramos a festa do apóstolo e evangelista São Mateus. Ele mesmo nos conta no seu Evangelho sobre a sua conversão. Estava sentado na coletoria de impostos e Jesus o convidou a segui-lo. Mateus -diz o Evangelho- «se levantou e seguiu-o» (Mt 9,9). Com Mateus chega ao grupo dos Doze um homem totalmente diferente dos outros apóstolos, tanto pela sua formação como pela sua posição social e riqueza. Seu pai lhe fez estudar economia para poder fixar o preço do trigo e do vinho, dos peixes que seriam trazidos por Pedro e André e os filhos de Zebedeu e o das pérolas preciosas das quais fala o Evangelho.

Seu ofício, de coletor de impostos, era mal visto. Aqueles que o exerciam eram considerados publicanos e pecadores. Estava ao serviço do rei Herodes, senhor da Galiléia, um rei detestado pelo seu povo e que o Novo Testamento nos apresenta como um adúltero, o assassino de João Batista e aquele que escarneceu Jesus a Sexta Feira Santa. O que pensaria Mateus quando ia render contas ao Rei Herodes? A conversão de Mateus devia supor uma verdadeira liberação, como o demonstra o banquete ao que convidou os publicanos e pecadores. Foi a sua maneira de demonstrar agradecimento ao Mestre por ter podido sair de uma situação miserável e encontrar a verdadeira felicidade. São Beda o Venerável, comentando a conversão de Mateus, escreve: «A conversão de um coletor de impostos dá exemplo de penitência e de indulgência a outros coletores de impostos e pecadores (...). No primeiro instante da sua conversão, atrai até Ele, que é como dizer até a salvação, a um grupo inteiro de pecadores».

Na sua conversão se faz presente a misericórdia de Deus como se manifesta nas palavras de Jesus frente à crítica dos fariseus: «Misericórdia eu quero, não sacrifícios. De fato, não é a justos que vim chamar, mas a pecadores» (Mt 9,13).
 D

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Evangelho da quarta-feira, dia19/09/2012.

Meditando o Evangelho de hoje Dia Litúrgico: Quarta-feira da 24ª semana do Tempo Comum Evangelho (Lc 7,31-35): Naquele tempo, disse Jesus: «Com quem, então, vou comparar as pessoas desta geração? Com quem são parecidas? São parecidas com crianças sentadas nas praças, que gritam umas para as outras: Tocamos flauta para vós e não dançastes! Entoamos cantos de luto e não chorastes!. Veio João Batista, que não come, nem bebe vinho, e dizeis: Tem um demônio!. Veio o Filho do Homem, que come e bebe, e dizeis: É um comilão e beberrão, amigo de publicanos e de pecadores!. Ora, a sabedoria é reconhecida graças a todos os seus filhos». Comentário: Rev. D. Xavier SERRA i Permanyer (Sabadell, Barcelona, Espanha) Com quem, então, vou comparar as pessoas desta geração? Hoje, Jesus constata a dureza de coração das pessoas de seu tempo, especialmente os fariseus, tão seguros de si mesmos que não há quem os converta. Não se calam nem diante de João Batista, «que não comia pão, nem bebia vinho» (Lc 7,33), e o acusavam de possuir um demônio; tampouco se calam diante do Filho do homem, «que come e bebe», acusando-o de comilão e bêbedo e, «amigo de publicanos e pecadores» (Lc 7,34). Atrás dessas acusações se escondem seu orgulho e arrogância: ninguém lhes vai dar lições; não aceitam a Deus, senão que fazem seu próprio Deus, um Deus que não os mova de suas comodidades, privilégios e interesses.

Nós também temos esse perigo. Quantas vezes criticamos tudo: se a Igreja diz isso, por que diz isso, se diz o contrário... E até mesmo, poderíamos criticar nos referindo a Deus ou aos outros. No fundo, talvez inconscientemente, queremos justificar nossa preguiça e falta de desejo de uma verdadeira conversão, justificar nossa comodidade e falta de docilidade. Disse São Bernardo: «Há algo mais lógico que não ver as próprias chagas, especialmente se as tapou com a finalidade de não poder vê-las? Disso resulta que, ainda que outro as ache, defenda com teimosia que não são chagas, deixando que seu coração se abandone a palavras falsas».

Deixemos que a Palavra de Deus chegue ao nosso coração e nos converta, nos mude, nos transforme com sua força. Mas para isso, peçamos o dom da humildade. Somente o humilde pode aceitar a Deus; e permitir que se aproxime de nós, que como publicanos e pecadores necessitamos que nos cure. Ai daquele que creia que não necessita do médico! O pior para um doente é acreditar-se sadio, porque o mal avançará e nunca será medicado. Todos estamos doentes de morte, e somente Cristo pode nos salvar, sejamos ou não conscientes disso. Demos graças ao Salvador, acolhendo-o como tal!


segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Evangelho da terça-feira


Dia Litúrgico: Terça-Feira da 24ª semana do Tempo Comum

Evangelho (Lc 7,11-17): Naquele tempo, Jesus foi a uma cidade chamada Naim. Os seus discípulos e uma grande multidão iam com ele. Quando chegou à porta da cidade, coincidiu que levavam um morto para enterrar, um filho único, cuja mãe era viúva. Uma grande multidão da cidade a acompanhava. Ao vê-la, o Senhor encheu-se de compaixão por ela e disse: «Não chores!». Aproximando-se, tocou no caixão, e os que o carregavam pararam. Ele ordenou: «Jovem, eu te digo, levanta-te!». O que estava morto sentou-se e começou a falar. E Jesus o entregou à sua mãe. Todos ficaram tomados de temor e glorificavam a Deus dizendo: «Um grande profeta surgiu entre nós», e: «Deus veio visitar o seu povo». Esta notícia se espalhou por toda a Judeia e pela redondeza inteira.
Comentário: +Rev. D. Joan SERRA i Fontanet (Barcelona, Espanha)
Jovem, eu te digo, levanta-te!
Hoje se encontram duas comitivas. Uma comitiva que acompanha à morte e a outra que acompanha à vida. Uma pobre viúva seguida por seus familiares e amigos, levava o seu filho ao cemitério e de repente, vê a multidão que ia com Jesus. As duas comitivas se cruzam e se param, e Jesus lhe diz à mãe que ia enterrar o seu filho: «Não chores» (Lc 7,13). Todos ficam olhando Jesus, que não permanece indiferente a dor e ao sofrimento daquela pobre mãe, mas, pelo contrário, se compadece e lhe devolve a vida ao seu filho. E, é que encontrar a Jesus é encontrar a vida, pois Jesus disse de si mesmo: «Eu sou a ressurreição e a vida» (Jo 11,25). São Bráulio de Saragoça escreve: «A esperança da ressurreição deve-nos confortar, porque voltaremos a ver no céu a quem perdemos aqui».

Com a leitura do fragmento do Evangelho que nos fala da ressurreição do jovem de Naim, poderia salientar a divindade de Jesus e insistir nela, dizendo que somente Deus pode voltar um jovem à vida; mas hoje preferiria salientar a sua humanidade, para não ver Jesus como um ser alheio, como um personagem tão diferente de nós, ou como alguém tão excessivamente importante que não nos inspire a confiança que pode nos inspirar um bom amigo.

Os cristãos devemos saber imitar Jesus. Devemos pedir a Deus a graça de ser Cristo para os demais. Tomara que todo aquele que nos veja, possa contemplar uma imagem viva de Jesus na terra! Quem via São Francisco de Assis, por exemplo, via a imagem viva de Jesus. Os santos são aqueles que levam Jesus nas suas palavras e obras e imitam seu modo de atuar e a sua bondade. A nossa sociedade precisa de santos e você pode ser um deles no seu lugar.