Postado por: homilia
setembro 25th, 2012
Esta
é uma das passagens preferidas daqueles que gostam de diminuir Maria. Aqui,
Jesus afirma que Sua mãe e os irmãos d’Ele são aqueles que ouvem a Palavra de
Deus e a põem em prática. Não podemos entrever, nas palavras de Jesus, um
desprezo à Sua mãe. Antes, Jesus sabia que não houve uma mulher que fosse tão
fiel às palavras de Deus, Seu Pai, senão Maria. Portanto, Jesus exalta aqueles
que escutam a Sua Palavra e a põem em prática, a ponto de igualá-los à pessoa
que Ele mais tem consideração no mundo: a Sua mãe.
É
para mim e para você que Ele dirige esta bem-aventurança. Se nós escutarmos e
pusermos em prática Seus ensinamentos, faremos parte da família d’Ele. E “fazer
parte da família” implica dizer que teremos os mesmos direitos, os mesmos bens
e os mesmos deveres.
Para
aqueles que se questionam se Maria teve outros filhos ou não, quero levá-los a
meditar no termo “irmão”. No idioma falado naquela região, na época de Jesus,
era utilizado para designar irmão ou primo.
“Não é este o filho do carpinteiro? Não é Maria sua mãe? Não são seus
irmãos Tiago, José, Simão e Judas? E suas irmãs, não vivem todas entre nós?
Donde lhe vem, pois, tudo isso?”(Mateus 13,55-56). A Sagrada Escritura nos dá claros
indícios dos supostos “irmãos de Jesus”. Não eram filhos da mãe de Jesus, mas
parentes em sentido amplo. A palavra grega Adelphoi, que nos Evangelhos
é traduzida por “irmãos”, é equivalente ao vocábulo bíblico e semita “Ah” que
significa “parentesco em geral”.
Tanto
em aramaico como em hebraico, o termo “Ah” não designa somente os filhos dos
mesmos genitores, mas também os primos ou parentes mais distantes, devido a pobreza
vocabular dessas línguas, como pode ser observado em Gênesis 13,8-14; 29,12.15;
31,23; I Crônicas 23,21-23; II Crônicas 36,10; II Reis 36,10; I Samuel 20,29;
Juizes 9,23.
A
união com Jesus não se acontece por vínculos de sangue ou raça, mas pela união
ao amor misericordioso do Pai que vem libertar e trazer vida a todos os homens
e mulheres. Frequentemente, as famílias se fecham em torno de tradições e de
interesses particulares, até excludentes. Jesus amplia um conceito tradicional
e hermético de família para um conceito aberto e solidário, com uma dimensão
universal. Na medida em que a família se comprometa com “o fazer a vontade do
Pai” ela se abre à partilha, à solidariedade e à acolhida aos mais excluídos e
empobrecidos, sem preconceitos e com amor.
Jesus
indica, assim, o parentesco espiritual que O liga ao povo que resgatou. Os Seus
irmãos e irmãs são os homens santos e as mulheres santas que tomam parte com
Ele na herança celeste. A Sua mãe é toda a Igreja, porque é ela quem, pela
graça de Deus, gera os membros de Jesus Cristo. Sua mãe é também toda a alma
santa que faz a vontade do Pai e cuja caridade fecunda se manifesta naqueles
que gera para Ele, até que Ele mesmo neles seja formado (Gl 4,19).
Maria
é, certamente, a mãe dos membros do Corpo de Cristo, isto é, de nós mesmos,
porque, pela sua caridade, cooperou para gerar, na Igreja, os fiéis que são os
membros do corpo místico de Jesus.
Padre
Bantu Mendonça
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