DOMINGO 27 DE JANEIRO
Evangelho de Lucas 1,1-4; 4,14-21
|
Muitas
pessoas já tentaram escrever a história dos acontecimentos que se passaram
entre nós. Elas começaram do que nos foi transmitido por aqueles que, desde o
princípio, foram testemunhas oculares e ministros da palavra. Assim sendo, após
fazer um estudo cuidadoso de tudo o que aconteceu desde o princípio, também eu
decidi escrever para você uma narração bem ordenada, excelentíssimo Teófilo.
Desse modo, você poderá verificar a solidez dos ensinamentos que recebeu.
Jesus voltou
para a Galiléia, com a força do Espírito, e sua fama espalhou-se por toda a
redondeza. Ele ensinava nas sinagogas, e todos o elogiavam. Jesus foi à cidade
de Nazaré, onde se havia criado. Conforme seu costume, no sábado entrou na
sinagoga, e levantou-se para fazer a leitura.Deram-lhe o livro do profeta
Isaías. Abrindo o livro, Jesus encontrou a passagem onde está escrito:
"O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a
unção, para anunciar a Boa Notícia aos pobres; enviou-me para proclamar a
libertação aos presos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os
oprimidos, e para proclamar um ano de graça do Senhor."
Em seguida
Jesus fechou o livro, o entregou na mão do ajudante, e sentou-se. Todos os que
estavam na sinagoga tinham os olhos fixos nele.
Então Jesus
começou a dizer-lhes:
- "Hoje
se cumpriu essa passagem da Escritura, que vocês acabam de ouvir".
(Correspondente ao 3º Domingo Comum, do ciclo C do Ano Litúrgico).
Locutor: Gilberto
Faggion
O evangelho
deste domingo inicia com o prólogo de Lucas, o qual nos revela o sentido dos
evangelhos.
Eles não
são, sem dúvida, uma biografia de Jesus, como tantas vezes se pensou, nem
também uma síntese do que Ele fez e disse, porque senão ficariam só no passado.
Os
evangelhos são uma "boa noticia" para nós, homens e mulheres do
século XXI!
São os
relatos da experiência de fé das primeiras comunidades cristãs a partir da
Ressurreição de Jesus. Constituem uma mensagem baseada no passado, interpretada
à luz do presente (a vida das primeiras comunidades) e com vistas ao futuro (a
Igreja posterior).
Sabemos que Lucas
não foi discípulo direto de Jesus, então como ele conseguiu escrever o
evangelho?
O texto de
hoje responde às tradições existentes, transmitidas por aqueles que, desde o
princípio, foram testemunhas oculares.
Depois como
os autores gregos daquele tempo, para demonstrar a credibilidade e a solidez do
que vai apresentar, fez "um estudo cuidadoso de tudo o que aconteceu desde
o princípio".
Finalmente
Lucas dedica seu evangelho ao "excelentíssimo Teófilo" (amigo de
Deus), e nele cada um/a de nós pode se sentir incluído e interpelado.
Que são para
mim os evangelhos? Deixo que sua mensagem me transforme, opere em mim?
A segunda parte do texto de hoje nos leva à Galiléia, terra dos
excluídos, mais precisamente na cidade de Nazaré, onde Jesus tinha crescido. E como qualquer homem judeu de
sua época, ao sábado vai à sinagoga.
Mas antes
quero me deter, na presença de uma pessoa predileta de Lucas: o Espírito Santo.
De fato, nos
primeiros quatro capítulos de seu evangelho, detecta-se intensa presença e ação
do Espírito, culminando em Jesus, que se sente investido e ungido por ele
(4,18).
Uma
característica da ação do Espírito nestes capítulos é que ele age, unge, tome
posse das pessoas: Maria, Isabel, Zacarias, Simeão, profetisa Ana. Por outro
lado, João Batista anuncia que Jesus vai batizar com o Espírito Santo.
No Jordão,
Jesus é investido da plenitude do Espírito, que o conduz ao deserto e depois a
Galiléia. Sendo a sinagoga de Nazaré o lugar onde Jesus se proclamará com o
Ungido de Deus, pela ação do Espírito Santo que está sobre ele.
Há,
portanto, um verdadeiro pentecostes no início do evangelho de Lucas.
Rapidamente, lembremos que o início do livro dos Atos, escrito também por Lucas
descreve outro pentecostes, o da primeira comunidade cristã.
O mesmo
Espírito que age em Jesus, é quem age na comunidade de seus seguidores e
seguidoras, fazendo possível que a mesma vida e obras que Jesus viveu e
realizou, sua comunidade vivesse e realizasse, e maiores ainda!
As palavras
do profeta Isaías que Jesus lê descrevem seu projeto de vida: "O Espírito
do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção, para anunciar a
Boa Notícia aos pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos presos e aos
cegos, a recuperação da vista; para libertar os oprimidos e para proclamar um ano
de graça do Senhor".
O programa de Jesus beneficia diretamente aos pobres, desde o início de
sua missão, ele se posiciona do lado deles, apresentando-se como seu
libertador.
Dessa
maneira, Jesus nos revela o Amor preferencial de Deus pelos mais pobres e
marginalizados, a quem não esquece ao contrario vem em seu Filho a
oferecer-lhes uma nova vida livre, digna, plena.
As últimas
palavras de Jesus depois da leitura do profeta: "Hoje se cumpriu essa
passagem da Escritura, que vocês acabam de ouvir", confirmam seu ser e
missão e ecoam até hoje a atualidade dessas palavras.
A Igreja,
ungida e movida pelo mesmo Espírito de Jesus, continua sua missão libertadora,
continua tendo sentido ao longo dos séculos na medida em que assume como
próprio o programa de vida de Jesus de Nazaré.
Nenhum comentário:
Postar um comentário