Tema
do 2º Domingo do Tempo Pascal: a comunidade cristã como espaço privilegiado de
encontro com Jesus ressuscitado.
Atos - O livro dos Actos
dos Apóstolos apresenta o “caminho” que a Igreja de Jesus percorreu, desde
Jerusalém até Roma, o coração do império. No entanto, foi de Jerusalém, o lugar
onde irrompeu a salvação – isto é, onde Jesus sofreu, morreu, ressuscitou e
subiu ao céu –, que tudo partiu. Foi aí que nasceu a primeira comunidade cristã
e que essa comunidade, pela primeira vez, se assumiu como testemunha de Jesus
diante do mundo.
>A
comunidade cristã tem de ser, fundamentalmente, uma comunidade que testemunha
Cristo ressuscitado. Se formarmos uma família de irmãos “unidos pelos mesmos sentimentos”,
solidários uns com os outros, capazes de partilhar, estaremos a anunciar esse
mundo novo que Jesus propôs e a interpelar os nossos conterrâneos. É isso que
acontece habitualmente com o testemunho das nossas comunidades?
Apoc> Estamos nos finais do reinado de
Domiciano (à volta do ano 95); os cristãos eram perseguidos de forma violenta e
organizada e parecia que todos os poderes do mundo se voltavam contra os
seguidores de Cristo. Muitos cristãos, cheios de medo, abandonavam o Evangelho
e passavam para o lado do império. Na comunidade dizia-se: “Jesus é o Senhor”;
mas lá fora, quem mandava mesmo como senhor todo-poderoso era o Imperador de
Roma.
É neste contexto de perseguição, de medo e de martírio que vai ser
escrito o Apocalipse. O objectivo do autor é apresentar aos crentes um convite
à conversão (primeira parte – Ap 1-3) e uma leitura profética da história que
os ajude a enfrentar a tempestade com esperança e a acreditar na vitória final
de Deus e dos crentes.
O
“profeta” João é, enviado às igrejas; a sua missão é anunciar uma mensagem de
esperança que permita enfrentar o medo e a perseguição. Sobretudo, é chamado a
anunciar a todos os cristãos que Jesus ressuscitado está vivo, que caminha no
meio da sua Igreja e que, com Ele, nenhum mal nos acontecerá pois é Ele que
preside à história.
Reflexão
• Há
muitas coisas e interesses que hoje são erigidos em deuses, que recebem a nossa
adoração, que nos desviam do essencial e que acabam por nos destruir e
escravizar. Que coisas são essas?
• O
medo aliena, escraviza, impede-nos de construir de forma positiva… Temos
consciência de que nada temos a temer porque Cristo, o Senhor da história,
caminha connosco?
• Os
homens de hoje, apesar de todas as descobertas e conquistas, têm, muitas vezes,
uma perspectiva pessimista que lhes envenena o coração e a existência. Se a
esperança está em crise, nós, testemunhas do ressuscitado, temos uma proposta
de novidade e de salvação a apresentar ao mundo. Sentimo-nos profetas, enviados
– como João – a anunciar uma mensagem de esperança, a dar testemunho de Jesus
ressuscitado e a dizer que esse mundo novo já está a fazer-se?
Ev> Continuamos na segunda parte do Quarto
Evangelho, onde nos é apresentada a comunidade da Nova Aliança. o tempo novo, a
esse tempo que se segue à morte/ressurreição de Jesus, o tempo da nova
criação.
A comunidade criada a partir da acção de Jesus está reunida no
cenáculo, em Jerusalém. Está desamparada e insegura, cercada por um ambiente
hostil. O medo vem do facto de não terem, ainda, feito a experiência de Cristo
ressuscitado.
Jesus
“no centro” da comunidade, “no meio deles”. Significa que Ele é o ponto de referência, factor de unidade,
a videira à volta da qual se enxertam os ramos.
A esta comunidade fechada, com
medo, mergulhada nas trevas de um mundo hostil, Jesus transmite duplamente a
paz (é o “shalom” hebraico, no sentido de harmonia, serenidade, tranquilidade,
confiança). Ele será sempre o Messias que ama sua comunidade.
Com este “sopro”,
Jesus transmite aos discípulos a vida nova que fará deles homens novos. Agora,
os discípulos possuem o Espírito, a vida de Deus, para poderem – como Jesus –
dar-se generosamente aos outros. É este Espírito que constitui e anima a
comunidade.
Catequese sobre a fé. Tomé representa aqueles que vivem fechados em
si próprios (está fora) e que não faz caso do testemunho da comunidade nem
percebe os sinais de vida nova que nela se manifestam. Em lugar de se integrar
e participar da mesma experiência, pretende obter uma demonstração particular
de Deus, fazer esta mesma experiência.
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