Continuo minha homenagem ao colega IVAN

CALMOS

Calmos,

leves,

fantásticos

essas núvens de verão…

- sonhos bonitos

(costelas) deslumbrantes

mas logo se acabarão…

Prefiro

as núvens de poeira

do meu chão,

carregadas de sonhos

- (agoniados)

sujos de (.., injustiça

e solidão –

que passo a passo

se farão

vida nova.

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As núvens

desenham mundos bonitos

que desmoronam ao vento

e divertem,

como espetáculo colorido,

meus olhos cheios de horizontes…

enquanto meus pés garantem

a firmeza e o rumo do caminho…

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Me recomponho a cada minuto

e ponho meus olhos

e meus passos

na mesma direção…

Assim vou arrumando

a romaria dos meus sonhos

que enfeitam

minha estrada aberta

por onde passam meus pés
pisando  o interminável chão…

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De repente

sinto que o tempo total tomou conta de mim

e me torno futuro

com sangue de (.. e hoje…

Busco, então, minhas mãos

e peço para elas me ensinarem

como refazer a cada instante

- com esses pedaços coloridos

de saudade, de dor e de sonho –

minha unidade necessária

e minha coragem

de olhar nos olhos do perigo

e de abraçar alegremente o imprevisível...

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É preciso rolar a pedra

da sepultura do povo

e deixar a vida

impregnar o ar,

invadir todos os caminhos,

explodir a morte

e cantar a liberdade

- como a rosa do penhasco;

 como a estrela da manhã

ou como uma bandeira sandinista.

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Ela,

a vida

avança

e não se intimida,

seja na rosa

de beleza explodida,

seja no olhar do mendigo

ou em sua mão estendida…

Avança a vida

no silêncio da semente

partida

e na luta armada

da nação dividida…

Ela,

a vida

negada ou proibida,

avança

na declaração do amor

decidida

ou na paixão

reprimida…

Avança a vida

e não se intimida

mesmo que seja ofendida

avança

inevitavelmente

a vida…

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Floriu no ponteiro

a hora inventada

pelo tempo novo.

Brilhou no escuro

a faísca incendiável

dos olhos do povo.

Irrigou o peito

A gota vermelha

do sangue futuro.

Dançou sob a terra

a semente que vai

brotar no chão duro…

Pintou a manhã

no grito da aurora

de cima do monte…

Explodiu a aurora

e nós vamos, em bloco,

agarrar o horizonte…

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Uma cena a mais…

todos os olhos estão abertos

e cegos.

Não estão vendo esta mulher

parada,

como monumento,

carregando

abandonada,

cinco filhos,

cinco dores,

cinco sonhos?...

cinco amores?...

Todos os olhos estão muito abertos

e enturvados.

Nem sabem se indignar,

nem aprenderam a chorar.

Uma cena

a mais…

Os olhos continuam sem ver,

sem indagar,

sem sentir,

sem denunciar

o sofrimento exposto

como fartura

-       vida quebrada

em forma de criatura…

Não dói…

na fala e no coração de quem passa.

Uma cena

A mais.

A mais?...

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