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domingo, 27 de maio de 2012

Pentecostes e o Espírito Santo


PENTECOSTES

[Uma reflexão catequética sobre o Espírito Santo]. P. Antenor de Andrade. Tomei como base um estudo do Frei Raniero Cantalamessa.

Pentecostes é uma festa da Igreja Católica Apostólica Romana que acontece 50 dias após a Ressurreição do Senhor Jesus. Para nós significa também entre outras coisas a descida do Espírito Santo sobre os Apóstolos e nossa Senhora, reunidos no Cenáculo.
Sabemos que existe o Espírito Santo, mas conhecemos realmente quem Ele é?

História humana e história da salvação

Há quem tenha dito que a história humana tem sido conduzida pela violência. Uma visão histórica através dos séculos mostra que as mudanças realmente significativas foram realizadas através das guerras, revoluções, rios de sangue e morte.
O contrário observamos com  a história da salvação, cujo protagonista é Deus. Seu condutor é o Espírito Santo, a fonte e a força da amabilidade, da doçura, do amor. Em termos do Plano divino da Salvação, toda inovação, todo salto de qualidade mostra-nos que o Espírito de Deus, seu Amor se fazem presentes em todos os momento dessa história Toda a mensagem bíblica mostra-nos esta particularidade.

No princípio Deus criou o céu e a terra (Gen 1, 1ss).

Antes de tudo ser criado existia o Caos.
Eis que o “Espírito de Deus” aparece e com seu Sopro Criador fez surgir do Caos a luz, separou-a das trevas, criou os mundos, o universo. Tudo ordenado, sincronizado, harmônico. O que começou a existir através do Sopro divino sem discussão nem brigas procurou seu devido lugar: as águas e os peixes; as plantas e a terra, os astros e o universo. Deus amou sua obra, a mais inteligente, grandiosa e bela até hoje existente.

Deus disse: “façamos o homem à nossa imagem e semelhança”.

Chegou um momento em que o Deus achou que seu mundo estava preparado para receber o Rei do Universo: o homem, um ser feito à sua imagem e semelhança. Uma criatura diferente de todas. Uma espécie realmente especial. (Gen 1, 26).
Inicialmente o homem foi moldado sujeito às leis da evolução encerradas na matéria. O novo ser, diferente, impar  estava era guiado pelo instinto, isto é, ainda não possuía a luz da razão.

Novamente aparece o Espírito de Deus

A misteriosa realidade que pousava inicialmente sobre as águas primitivas, o espírito de Deus sopra sobre o hominídeo e ele se torna homem. A criatura animal se torna também um ser espiritual, livre e racional. E aqui apareceu também o perigo. A nova espécie capaz de conversar e dialogar com seu Criador, de ser seu amigo, ganhou uma prerrogativa, uma característica formidável e altamente explosiva: a capacidade de rebelar-se contra seuDeus.

O homem volta-se contra seu Criador, mudando seu plano inicial

Entre ser amigo e tornar-se inimigo de Deus, o homem escolheu a segunda opção, revoltou-se e pecou. A ruptura profunda e geral criou um abismo intransponível, uma dissonância interminável  entre Criador e Criatura. Caminhando com seus passos e de costas para seu benfeitor o homem produziu tal poluição no mundo que ao longo do caminhar da história mudou a fisionomia da humanidade e da terra. Deus que havia amado sua obra arrependeu-se de tê-la criado (cf Gen. 6,7).

O Espírito Santo e a Nova Criação

Deus reforma o homem, como um artista reforma sua estátua corroída, modificada pelo tempo. Um Novo Adão substitui o Velho Adão, apagando o mal feito do primeiro. Surge uma nova criação e uma nova humanidade embasada em Jesus Cristo. Assim Deus-Amor não abandona o homem e conserta sua criação. Fundamental foi papel do Espírito Santo nesta mudança, nesta metánoia. O Novo Adão foi plasmado por Deus, através de seu Espírito ( cf Mt 1, 18), no seio de uma Virgem, chamada Maria de Nazaré. É o início de uma nova etapa e uma nova criação na história da humanidade (cf Lc 1, 35).

Jesus Cristo e o Espírito Santo

Além de nascer por obra e graça do E. Santo toda a vida de Jesus Cristo se desenrolou sob a égide da Terceira Pessoa da
Santíssima Trindade. No batismo do Jordão, Cristo foi ungido em Espírito e poder (At 10, 38). Essa unção era necessária para que Ele pudesse levar a Boa Nova aos pobres, realizar todas os seus prodígios entre os doentes,  perseguidos, pobres, viúvas.
Jesus é conduzido pelo Espírito, mas ao mesmo tempo é seu revelador. Através d`Ele passamos a compreender melhor o papel e a posição da Terceira Pessoa Trinitária. Ela não é  só uma força divina, mas faz parte da Santíssima Trindade,  uma Pessoa em Deus.  São João nos fala de várias outras tarefas do E. Santo: será enviado aos discípulos, levá-los-á à verdade total, condenará o mundo...(cf Jo 14-16).

Uma Igreja entocada, desnorteada e medrosa

Jesus ao deixar a terra é glorificado à direita do Pai. A Igreja formada por onze Apóstolos e algumas dezenas de discípulos refugiava-se temerosa sem saber o que fazer, pois ainda não tinha compreendido a ordem do Mestre: “ ide e ensinai a todos os povos”. Ela era um espécie de corpo inanimado e sem ação, lembrando a figura do primeiro homem, quando o Criador ainda não havia insuflado nele o Sopro do Espírito.

Pentecostes, um novo mundo, um novo homem

O dia de Pentecostes assinala o nascimento deste novo mundo e deste novo homem. Na ocasião aconteceu um daqueles fenômenos que transformam a história sem violência, sem sangue nem mortes.
A descida do Espírito Santo sobre os Apóstolos produz uma nova Epifania (manifestação) de Deus e oferece mais uma prova de seu Amor para com as criaturas sua imagem e semelhança. Trata-se de um daqueles acontecimentos extraordinários e pacíficos presentes em todos os grandes inícios da história.
“Recebei o Espírito Santo”, disse Jesus (Jo 20, 22) aos Apóstolos, discípulos e a Maria que rezava juntos com eles. Aqueles homens tímidos como coelhos ou camundongo transformaram-se então, em intrépidos missionários, divulgadores da Mensagem de seu Mestre. Um novo mundo de esperança, dedicação e amizade se iniciava e invadiria todos os Paralelos e Meridianos da terra. A força e a coragem do Espírito de Deus tomara conta daquela pequena grei que logo escancarou as portas e partiu para realizar o mandato do ensinai a todas as nações. A Igreja de Jesus Cristo invadiu o mundo impulsionada pelo seu Espírito.
Pentecostes é o Natal da Igreja. A presença de Maria no Cenáculo, onde nasceu a Igreja combativa e intemerata nos leva a uma ligação entre seu nascimento e o de Jesus. Maria, a Mãe de Jesus torna-se também a Mãe da Igreja.

O E. Santo ensina aos homens a linguagem do amor e da união

Pentecostes é o antídoto do que aconteceu na Torre de Babel. Os homens se rebelaram contra Deus e terminaram não se entendendo entre si. Separaram-se uns dos outros. O episódio das línguas (At 2, 4) indica que algo de novo havia acontecido. Após a descida do E. Santo os Apóstolos começaram a pregar em uma misteriosa nova língua. Falam o próprio idioma, mas eram compreendidos pelas diferentes raças que se encontravam em Jerusalém naqueles dias: partos, helamitas, gregos, romanos. Todos aqueles povos entendiam a língua dos Apóstolos como se fosse a própria.
Fenômenos do Espírito Santo, Fenômenos de Deus. A união, a compreensão, o amor foram um dos primeiros frutos do episódio do dia Pentecostes. A amizade entre os primeiros cristãos chamou logo a atenção dos pagãos e muitos se converteram com o exemplo que observavam. Era a nova linguagem aprendida em Pentecostes: a língua do Amor, da união e da paz ensinada pelo Espírito, impressa por Ele nos corações ( Rom 5,5). “O Espírito do Senhor encheu o universo, Ele que tudo une conhece todas as línguas”.

O Espírito Santo faz com que a Igreja compreenda todos os povos

Ainda hoje a Igreja é capaz de entender todas as gentes. Ela compreende e valoriza a cultura e o patrimônio de todas as raças e todos os povos, procurando renovar a face da terra. Na Missa de Pentecostes rezamos com o salmo responsorial: “Enviai o vosso Espírito, Senhor e renovai toda a face da terra...Se retiras teu Espírito tuas obras perecem e voltam para o pó de onde vieram”.
Invoquemos hoje e sempre o Espírito de reconciliação, de unidade e de paz sobre nós e sobre todo o mundo. No batismo Ele começa nossa historia pessoal de salvação. Se quisermos poderemos viver a nova vida que o Espírito de Deus nos oferece em Cristo e na Igreja.
Todos os dias devemos invocá-Lo: Vinde Espírito Santo enchei os corações de vossos fiéis e acendei neles o fogo de vosso Amor.

2 comentários:

  1. Que mensagem linda. Gostei muito do texto, muito esclarecedor sobre o Espirito Santo. Todos os seus textos são ótimos!!!

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  2. Ontem fui a Missa, dia de Pentecostes. Gostei da homilia do padre, porém a sua explicação sobre o Espírito Santo está bem melhor. A síntese feita no momento da homilia, muitas vezes não esclarece bem o que se pretende passar da mensagem. As reflexões feitas e postadas em Salesianidade são muito boas.

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