Evangelho, domingo da SS. trindade

Domingo da SS Trindade – Mt. 28, 16-20 (P. Antenor de Andrade)

Hoje celebramos o principal mistério de nossa fé: a SS Trindade, fonte de todas as coisas e à qual tudo deve retornar. Santo Agostinho diz que podemos falar sobre SS. Trindade, mas nem sempre sabemos realmente de quem estamos falamos. No entanto, acreditamos em um Deus único em três Pessoas.

Jesus Cristo nos trouxe a mais profunda das novidades religiosas, o monoteísmo trinitário. O Cristianismo se distingue de qualquer religião, seja do judaísmo como das outras crenças pagãs, que admitem vários deuses (politeísmo). Os primeiros cristãos tiveram dificuldade para aceitar esta novidade. Foi necessário uma conversão intelectual profunda para assimilar esta novidade original da fé em Jesus Cristo.

Podemos dizer que tudo no Cristianismo tem o foco trinitário, a começar pela liturgia que sempre invoca ao Pai, por meio do  Filho e no Espírito Santo.

·      Uma ideia que deve ser retomada: redescobrir a Trindade

Nos primeiros séculos, após as primeiras reações os cristãos começaram a ter uma consciência muito viva sobre o mistério da Trindade, sobretudo porque tiveram que defendê-Lo dos ímpios e pagãos. Com o tempo essa atitude foi esfriando, sobretudo no Ocidente. Já se disse que hoje temos que redescobrir este Mistério.

A piedade tornou-se de certo modo centrada em Deus Pai, entendido como essência divina, ou em Jesus Cristo, segunda Pessoa. O E. Santo ficou um tanto esquecido. Redescobrir o principal mistério de nossa fé é de suma importância para nossa vida espiritual e para nossa crença no Deus Trino.

Um rápido olhar sobre a liturgia cristã mostra-nos que o Mistério trinitário não desapareceu da vida da Igreja. O Credo tem uma estrutura trinitária. A Celebração eucarística apresenta um arcabouço trinitário. O Canon da Missa é uma oração feita ao Pai, por meio de Cristo e no E. Santo. Na administração dos Sacramentos está sempre presente a Trindade. O batismo, o Sacramento que nos torna cristãos, é administrado em nome do Pai, do Filho e do E. Santo”. Na 2ª Leitura de hoje lê-se: O mesmo Espírito se une ao nosso para atestar que somos filhos de Deus.

·      Que significa a Trindade para a História da nossa salvação?

Vejamos o que nos diz S. Paulo[1].

a) Deus Pai nos criou como seus filhos, reunindo em Cristo todas as coisas.

b) Mandou seu Filho ao mundo que nos redimiu e nos fez seus filhos adotivos.

c) Esta salvação realizada por Cristo torna-se atual mediante a infusão do Espírito Santo.

O Evangelho de S. João nos diz que Deus ama o mundo, por isso enviou o Filho Unigênito para que o salvasse. E ainda: Cristo no fim de sua obra envia o Paráclito, o Espírito de verdade que conduzirá a Igreja a toda a verdade e santidade. Assim os três: Pai, Filho e Espírito Santo realizam conjuntamente o plano de salvação.

·      Comunhão de amor

O pensamento cristão vê na SS. Trindade uma comunhão de amor. Uma realidade intersubjetiva e interpessoal, uma circulação de vida. Um amor que supõe um eu, um tu e um nós.

Não poderíamos conceber a existência da SS. Trindade sem a revelação, dizia S. Agostinho. O mesmo pensador fala de uma Trindade de Amor em que Pai é o Andante, o Filho o Amado e o E. Santo o Amor. Cristo nos revelou esta realidade.

·      A criação e o mistério da SS. Trindade.

Podemos falar de uma analogia entre a criação do homem e o Mistério da SS. Trindade. Diremos então que Deus continua a expandir na criatura feita à sua imagem e semelhança aquele diálogo de amor já existente entre as Três Pessoas divinas desde toda a eternidade.

A analogia é bastante clara. Nenhuma pessoa humana nasce se não existirem dois seres homem e mulher que se amam entre si. O amor recíproco suscita entre ambas o desejo de torná-lo uma realidade objetiva, uma expressão concreta, um filho. O relacionamento eterno entre o Pai e o E. Santo gerou desde toda a eternidade o Filho.

Não podemos chegar completamente à compreensão do Mistério da SS. Trindade fonte de nossa fé e nossa esperança. Não obstante, se tentamos mergulhar cada vez mais profundamente nossa atitude será sempre mais de adoração louvor e agradecimento por tudo que recebemos.  A liturgia da Missa de hoje nos conduz justamente a este clima. Já no Canto  Inicial, rezamos:

Bendito sejas Tu, Senhor de Nossos pais.

Bendito sejas Tu, ó Verbo de Deus Pai.

Bendito sejas Tu, Espírito de Deus, que operas na Igreja a salvação.

Assim seja.

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[1] Cf. Ef. 1, 1ss