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quinta-feira, 7 de junho de 2012

Festa litúrgica do Corpo de Deus


DOMINGO DO CORPO E SANGUE DE CRISTO

Mc 14,12-16.22-26                        ( P. Antenor de Andrade).

A Igreja é feita pela Eucaristia que é o Corpo de Cristo. Este é outro mistério essencial de nossa fé.
Há alguns anos esta a festa litúrgica  da solenidade de Corpus Christi (Corpo de Deus) era especial:Igrejas adornadas, ruas enfeitadas, multidões piedosas nas procissões. Hoje, em algumas cidades as ruas ainda se enchem de flores e desenhos referentes ao mistério.
Será que em nosso tempo, preferimos celebrar a festa do Corpo de Deus “dentro” de nosso quarto, de nosso coração, no silêncio de nosso ser? Tomara! Poderemos então conversar em silêncio com o Senhor e nos imergirmos mais profundamente em seu mistério.
O Evangelho de hoje nos diz que X.to procurou uma sala para celebrar a Páscoa com seus discípulos. Vamos oferecer-Lhe esta sala, onde nos alimentaremos e conversaremos juntos como amigos. Os discípulos de ontem, somos nós hoje. A sala é outra, mas o Senhor é o mesmo.

Relação entre nós, a Igreja e a Eucaristia que celebramos

Sabemos que Cristo está realmente presente no altar, através do milagre da transubstanciação, a transformação misteriosa do pão e do vinho, em seu Corpo e Sangue. Mas, como é que a Igreja também está presente na Eucaristia e como a Eucaristia faz a Igreja? Este é um aspecto importante de nossa fé. A Igreja se faz presente na Eucaristia não de  modo real, físico, visível e sim de um modo incompreensível à nossa inteligência. Uma forma misteriosa, por causa de sua íntima relação com seu fundador, Cristo. No altar encontramos duas presenças: o Corpo real de Cristo e o seu Corpo místico, a Igreja.

Três momentos especiais em que no altar atua esta co-presença: o Corpo de Cristo que é a Igreja

O Ofertório – é o momento em que a Igreja, Corpo místico de Cristo, à imitação de seu fundador e chefe se oferece ao Pai. A liturgia tem passagens interessantes. No ofertório o sacerdote ao oferecer o pão e o vinho, diz: fruto da terra e do trabalho do homem. Entenda-se que também a terra e o homem participam da Eucaristia, pois obedecendo à ordem do Criador (Gen 1,11) produzem o vinho que alegra o coração do homem e o pão que conserva sua força (Sal. 104,15). Estes produtos milagrosamente tornar-se-ão Corpo e Sangue de Cristo. A gota de água colocada no cálice simboliza, é sinal de nossa união com a vida divina de X.to que assumiu nossa natureza humana.
Precisamos valorizar o ofertório, assumir, conscientizar os seus significados. Colocar no Cálice do Senhor nossas gotas de água, isto é: nossas alegrias e tristezas, nossos esforços, esperanças, sofrimentos e projetos. Em voz alta ou no silêncio do coração. O sacerdote recolherá tudo e oferecerá ao Pai com o pão e o vinho que se transformarão no Corpo e Sangue de Cristo.

A Consagração – O significado deste momento carece de uma maior explicitação aos fieis. Ele é o ponto principal do mistério eucarístico, do milagre que acontece em todas as Missas. No momento da Consagração, nós sacerdotes nos voltamos naturalmente ao Cenáculo na ocasião da primeira Consagração realizada pelo Senhor e que nós estamos repetindo em sua memória.
Não obstante, tanto os ministros consagrados como  os fieis, não podemos parar na história factual, no Jesus histórico. Com as palavras da Consagração, o Filho de Deus se torna realmente presente no meio de nós, escondido nas partículas e no vinho consagrados. Aquele que se entregou por nós, adotou-nos como irmãos e filhos do mesmo Pai.
Tomai e comei, isto é meu Corpo. Ao recebermos o Corpo e Sangue de X.to nós nos tornamos um de seus membros. Santo Agostinho nos diz que “no Altar do Senhor celebramos o nosso mistério, já que ao recebermos seu Corpo e Sangue nos tornamos também seus membros”.

A Comunhão - A eucaristia é o Sacramento da unidade. A comunhão “faz” a Igreja, no sentido que significa e manifesta sua unidade. Entre consagração e comunhão há um profundo sentido. Recebemos Cristo na comunhão, enquanto que antes, na Consagração,  Ele já se tinha oferecido ao Pai em sacrifício por nós. Com este exemplo que Ele nos dá, devemos estar dispostos a nos acolher uns aos outros. Ninguém se dá ao outro se não morre um pouco para si mesmo, ou seja sacrificando-se. Paulo nos lembra que aqueles que recebem o mesmo pão, em torno da mesma mesa, formam um só corpo (1 Cor, 10, 16).
Esta foi a experiência fantástica que tiveram os primeiros cristãos. A Palavra de Deus os convocava, mas era “a fração do pão que os  reunia num só coração e numa só alma (cf At, 2,41ss e 4,32). A comunidade se sentia ao redor do altar como se fosse um só pão, formado dos muitos grãos de trigo colhidos nos vários campos cf. Didaché, 9,4).
A esta altura podemos compreender melhor o afirma Agostinho quando diz que no altar celebramos “nosso mistério”.
Nosso Amém, no momento da Comunhão,  não é apenas um Sim a Cristo, morto e ressuscitado por nós, mas também a toda a Igreja, à jerarquia, a todo o povo de Deus.
Jesus nos pede que sejamos unidos, como Ele e o Pai são Um. Essa união nós só conseguiremos através da Eucaristia, Sacramento da União, seu Corpo e Sangue.
A festa de hoje seja mais um incentivo para construirmos com a força da Eucaristia a imensa família que unida caminha em direção à Casa do Pai.

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Um comentário:

  1. Que texto rico em explicações. Com a leitura aprendi bastante sobre o que acontece na Missa. Agora vou prestar mais atenção, uma vez que tenho o conhecimento.

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