Vida
João Melchior Bosco foi padre católico
apostólico romano e educador. Desenvolveu a educação
infanto-juvenil e o ensino profissional, sendo um dos criadores do sistema
preventivo em educação. Dedicou-se também ao desenvolvimento da
imprensa católica.
É o fundador da Pia Sociedade de
São Francisco de Sales (1859), conhecida porsalesianos,
co-fundador da congregação das Filhas de Maria
Auxiliadora, conhecidas por irmãs salesianas e
fundador da Associação
Internacional dos Cooperadores Salesianos. Foi canonizado em 1 de abril de 1934
pelo Papa Pio XI,
sendo o padroeiro dos jovens e dos aprendizes. Seu dia é celebrado em 31 de janeiro.
Família
Nasceu do segundo casamento de Francesco Bosco, tendo por mãe Margherita
Occhiena. A família era ainda composta pelo irmão do primeiro casamento do pai,
Antônio, e seu irmão mais velho, José.
Ficou órfão de pai quando tinha apenas dois anos de idade. Diante da
difícil situação econômica porque passava o norte da Itália, sua infância foi
marcada pela pobreza da família.
Formação Sacerdotal
Começou a estudar por volta dos nove anos, aos dezesseis anos passa a
freqüentar a escola de Castelnuovo D'Asti e aos vinte ingressa no Seminário
de Chieri, sendo ordenado
sacerdote em 5 de junho de 1841, pelo bispo Luigi Fransoni.
Após a ordenação, transfere-se para Turim.
Atuação como sacerdote em Turim
No contexto da revolução
industrial na Itália, havia grande contingente de jovens sem
família nas grandes cidades. Desde 1809, em Milão, a igreja católica
mantinha um tipo de obra assistencial para jovens denominada oratório,
que se ocupava de lazer, educação e catequese. O primeiro oratório de Turim foi
fundado em 1841, pelo padre Giovanni Cochi.
Influenciado por essas iniciativas, Bosco funda em 8 de dezembro de 1841 um oratório em Turim, quando
atende e ensina o jovem Bartolomeo Garelli na sacristia da Igreja de São Francisco de
Assis. Em 8 de dezembro de 1844, esse oratório passa a denominar-se 'Oratório
de São Francisco de Sales e em 1846 passou a ter sua sede numa
propriedade de Francisco Pinardi, no bairro turinense de Valdocco.
Atuação política em Turim
O cenário político do Piemonte e em toda Itália era de caráter
revolucionário, com inúmeros conflitos entre o Estado em formação e a Igreja
Católica, durante todo o período do Risorgimento. Seus
biógrafos registram sua amizade com políticos como Camilo de Cavour e
Humberto Ratazzi, pessoas influentes como a Marquesa Barolo, amizade direta com
o Papa Pio IX e com o Papa Leão XIII.
Localmente, o Arcebispo de Turim que ordenou São João Bosco, Dom Luigi Fransoni
esteve tanto no exílio como preso, tendo recusado os últimos sacramentos ao
ministro Santa Rosa e por isso tendo sido repreendido pelo Rei Vítor Emanuel.
Seu sucessor, Dom Lorenzo Gastaldi,
teve uma longa disputa com São João Bosco, que resultou num processo canônico.
A paz entre ambos só se fez mediante decisão de Leão XIII. As relações com
políticos italianos e com papas, de forma muito direta, teriam dado a João
Bosco uma posição política que parecia, sobretudo ao bispo Gastaldi, ameaçar a
ordem hierárquica da Igreja.
Fundação dos Salesianos
Bosco pensava em organizar uma associação religiosa, contudo, o contexto
político da unificação da Itália, a disputa pela separação entre Estado e
Igreja, não estimulavam a criação de uma ordem religiosa nos moldes
tradicionais.
O ministro Umberto Ratazzi lhe
sugeriu organizar uma sociedade de cidadãos que se dedicasse às atividades
educativas realizadas pelos oratórios em moldes civis. Bosco propõe a Sociedade
de São Francisco de Sales, que seria vista como uma associação de cidadãos aos
olhos do Estado e como uma associação de religiosos perante a Igreja. Após
consultar o Papa Pio IX,
Bosco recebeu de seus companheiros padres, seminaristas e leigos a adesão
à Sociedade de São Francisco de Sales em 18 de dezembro de 1859e em 14 de março de 1862, os primeiros salesianos fizeram os
votos religiosos de castidade, pobreza e obediência. A partir de 1863, além dos
oratórios, os salesianos passam a se dedicar também aos colégios e escolas
católicas para meninos e jovens. Com a separação entre Estado e igreja, há
forte demanda por escolas católicas, fazendo com que esse tipo de instituição se
dissemine rapidamente. As regras da Sociedade, chamadas de Constituições, foram
aprovadas pela igreja em 1874.
Em sua morte, em 1888, a Sociedade contava com 768 membros, com 26 casas
fundadas nas Américas e
38 na Europa.
Fundação das Filhas de Maria Auxiliadora
Santa Maria Mazzarello.
Em 1861, na cidade italiana de Mornese, Maria Domingas
Mazzarello convida sua amiga Petronilla para juntas organizarem uma oficina de
costura para meninas. Em 1863 a oficina começa a acolher meninas órfãs. O seu
trabalho é superviosionado pelo Pe. Domingos Pestarino, que havia se associado
aos salesianos. Com o auxílio de Pestarino, Bosco propõe às jovens que se
organizem como uma congregação religiosa, com o nome de Filhas de Maria
Auxiliadora e em 5 de agosto de 1872 as primeiras salesianas fazem
seus votos. Maria Mazzarello foi
a primeira superiora da congregaçã
Fundação da Associação dos Salesianos Cooperadores
De início, a proposta da Sociedade de São Francisco de Sales incluía,
padres, irmãos e leigos externos, porém essa forma de organização não foi
aprovada pela igreja católica, que queria apenas padres e irmãos, como nas
demais congregações. Sendo assim, Bosco propôs a associação leiga dos
Salesianos Cooperadores, que foi aprovada em 1876 pelo Papa Pio IX. O objetivo era
o mesmo da Sociedade de São Francisco de Sales, a saber: o trabalho educativo e
catequético junto aos meninos e aos jovens. Em sua forma de associação,
tornou-se uma sociedade mista, com homens e mulheres leigos.
Sonhos de João Bosco
Há controvérsia se seriam sonhos, visões ou premonições. O próprio São
João Bosco parece que não sabia muito bem como lidar com esses eventos. Por
fim, decidiu dar-lhes atenção, pois muitas vezes eram sonhos de caráter
premonitório, que o avisavam sobre a morte iminente de algum aluno ou
salesiano. Era seu costume contar o sonho a seu confessor ou diretor espiritual
antes de contá-lo aos demais. Com relação aos sonhos de São João Bosco, o
(beato) Papa Pio IX, ordenou-lhe que consignasse tudo por escrito, em seu sentido
literal e de forma detalhada, para maior estímulo dos filhos da Congregação
Salesiana.
O sonho sobre sua missão
A biografia de João Bosco elenca inúmeros sonhos, desde o primeiro,
ainda na infância, quando se vê brigando com outros meninos e um homem – de
acordo com os símbolos do sonho, Jesus Cristo - se
aproxima e lhe diz para educar Não com pancadas, mas com carinho.
Dom Bosco e Brasília
Em outro sonho, vê entre os paralelos 15 e 20 do Hemisférios Sul, um
lugar de muita riqueza, próximo a um lago:
"Tra il grado 15 e il 20 grado vi era un seno assai lungo e assai
largo que partiva di un punto che formava un lago. Allora una voce disse
ripetutamente, quando si verrano a scavare le miniere nascoste in mezzo a
questi monti di quel seno apparirà qui la terra promessa fluente latte e miele,
sarà una ricchezza inconcepibilie"(Memorie Biografiche,
XVI, 385-394)
Esse lugar é atribuído por alguns intérpretes a Brasília, motivo pelo qual
São João Bosco é um dos padroeiros daquela cidade
Canonização de Dom Bosco
O contexto da beatificação e canonização de Dom Bosco
Tendo participado do período do Risorgimento e se
relacionado com seus atores principais, Dom Bosco acabou por participar,
indiretamente, da resolução do último aspecto que aquele movimento deixou em
aberto para o século XX: a Questão Romana.
O momento da beatificação de Dom Bosco (1929) coincide com a Concordata de
São João de Latrão, celebrada entre Benito Mussolini e o
Cardeal Pietro Gasparri,
com a aprovação do Papa Pio XI.
A coincidência não é gratuita, mas representa naquele momento, uma expressão de
nacionalismo italiano, com Mussolini, que estudara um ano no colégio salesiano
de Faenza, elogiando Dom
Bosco e com Pio XI pondo fim ao poder temporal da Igreja, permitindo a final
unificação da Itália e considerando Mussolini um "homem da
Providência". Na canonização de Dom Bosco em (1934) o contexto será bem outro.
Descontente com os rumos do fascismo e do nazismo, Pio XI escreverá duas
encíclicas, uma em alemão e outra em italiano, condenando ambas as ideologias.
O uso político da popularidade e italianidade de Dom Bosco e dos
salesianos é recorrente na Itália. Em 2005, o então primeiro-ministro Silvio Berlusconi visitou
o Instituto Salesiano Santo Ambrósio, em Milão, onde foi aluno,
para recordar que aprendera com Dom Bosco que "é preciso estar de acordo
com todos"(Wilkipedia).
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