II DOMINGO DO ADVENTO ( P. A de Andrade).
A perícope evangélica hodierna deixa um pouco Jesus à
parte e fala de seu precursor: João Batista. Este profeta divide o tempo das
Promessas do Salvador (A. Testamento) e o das realizações das referidas promessas (N. Testamento).
O Centro de suas pregações são as palavras de
Isaias: “Esta é a voz que grita no
deserto: preparai os caminhos do Senhor, endireitai suas veredas”.
O que J. Batista entendia com esta imagem de uma estrada aberta no deserto? Para
entendê-la temos que evocar os grandes acontecimentos da Bíblia. Em primeiro
lugar o Êxodo, quando o Senhor seguia o povo no deserto e lhe traçava a estrada
por onde eles deviam seguir e se salvarem. Um segundo acontecimento é o retorno
do exílio da Babilônia esperado e tido como um novo Êxodo.
para a liberdade (Is 46,3-4; 63,9;Ger
16,14-15).
Outra
explicação de ordem geográfica pode ainda facilitar nossa compreensão do texto
em pauta. Jerusalém era uma cidade cercada pelo deserto. As estradas que vinham
da parte oriental eram apenas caminhos cobertos de areia e pedras jogadas pelo
vento. Na parte ocidental o terreno era áspero, muitas colinas e descidas
íngremes até à planície às margens do Mediterrâneo. Quando um cortejo ou um
personagem importante (Rainha de Sabá, por exemplo) vinham a Jerusalém as
estradas tinham que ser arrumadas, endireitadas, aplainadas. Isso acontecia
sobretudo uma vez por ano na Páscoa, quando na cidade se aglomeravam confusamente
os peregrinos.
Esta
realidade inspirou J. Batista, pedindo que o povo preparasse os caminho para AQUELE
QUER DEVIA VIR.
Da metáfora à
realidade.
O primo de Jesus ia mais
além, não falava de caminhos construídos no terreno pedregoso do deserto judeu.
Mas referia-se a uma estrada feita na própria vida, isto é, uma conversão para
receber o Salvador. No seu entender, o homem é como uma cidade invadida pelo
deserto. Ele vive fechado em si mesmo, no seu egoísmo, isolado no seu castelo.
Nós complicamos, destruímos nossos caminhos e vivemos perdidos no labirinto de
nossa ilha desértica.
Isaias
e o Batista falam metaforicamente de buracos, montes, passagens tortuosas.
Traduziríamos tudo isso por: violências, invejas, cobiças, mentiras, hipocrisias,
superficialidades, drogas etc.
Não
temos dúvidas que o discurso de Isaias e S. João é válido também para nós hoje.
Para todos aqueles que anseiam esperançosos a “salvação de Deus”. Reflitamos
corajosamente sobre estes textos.
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