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sábado, 15 de dezembro de 2012

III DOMINGO DO ADVENTO.

Neste III Domingo do Advento, a Igreja nos exorta vivamente a abrir o nosso coração à alegria. Com efeito, é o domingo conhecido como Gaudete (“alegrai-vos”). No Evangelho de hoje, João Batista é apresentado como pregador de conversão e ao mesmo tempo como mensageiro de alegria. O seu único anseio é preparar o povo para acolher a salvação que se faz presente em Jesus Cristo. O Senhor está perto e, por isso, devemos ouvir a palavra do profeta Sofonias, que nos anima: “Alegra-te e exulta de todo o coração” (Sf 3,14c).
Na semana passada, nos foram apresentadas algumas metáforas que tinham a ver com a preparação de um caminho para a chegada do Senhor. Hoje, três grupos de pessoas perguntam como deve ser feita esta preparação de maneira concreta, ou seja, o que significa endireitar o caminho, aplainar vales etc. Primeiro, vem a pergunta do povo em geral, depois a dos cobradores de impostos e, finalmente, a dos soldados.
         “Que devemos fazer?” É a pergunta insistente das multidões que se dirigem a João. Pois elas não querem só ouvir falar da conversão como tal, mas querem saber concretamente o que deve ser feito. E esta é a pergunta que fazemos também nós hoje. João responde sem demora. Tudo o que devemos fazer é o que diz respeito ao nosso comportamento em relação ao próximo. Como tratamos as pessoas? A conversão deve se demonstrar através de tal comportamento.
A conversão exige a partilha fraterna e a renúncia a qualquer tipo de injustiça. De fato, a todos é dirigido o pedido da partilha: “Quem tiver duas túnicas, dê uma a quem não tem”. Ou seja, não é um pedido dirigido só a quem vive na abundância para que doe algo do que lhe sobra, mas a todos aqueles que têm alguma coisa a mais daquilo que lhes é necessário. Até mesmo aquela pessoa que só tem duas túnicas, deve dar uma e se contentar em ter uma só, se o seu próximo não tem nenhuma. Diante da necessidade do próximo, nós só podemos ter o necessário.
Pois é, mas quantas vezes ouvimos este Evangelho e temos um monte de coisas ainda em bom estado de conservação e ficamos ano após ano contemplando-o ou até mesmo nem sabemos onde elas estão: é uma roupa que compramos ou ganhamos e nunca usamos, é o computador ou celular anterior, ainda funcionando direitinho, são alimentos que esperamos terminar o prazo de validade pra jogar no lixo, são livros acadêmicos que já faz um tempão que não o abrimos, sinal de que não vamos mais precisar deles. Mas o apego quer nos impedir de doar tudo isso e muito mais a quem necessita. Mas, experimentem e vejam a dor do desapego e logo em seguida a satisfação da libertação.
Reflita: sempre quando nos lembramos destes objetos, principalmente, aqueles mais queridos, nos lembramos exatamente de que poderia servir a alguém específico. É o Espírito Santo nos iluminando e ao qual muitas vezes somos indiferentes. Assim, João é claro ao máximo quando convida ao desprendimento e à generosidade. Esta é a primeira atitude para estarmos preparados.
         Mais adiante, encontramos no Evangelho que também os cobradores de impostos e os soldados vêm até João com a mesma pergunta: “E nós, o que devemos fazer?”. Ambos os grupos de pessoas eram desprezados e odiados, porque normalmente aproveitavam sua posição social em vista de seus próprios interesses, prática que hoje está mais forte ainda. João não pede que estes larguem sua profissão, mas exige que deixem de praticar as injustiças que frequentemente realizam através dela.
Os cobradores de impostos eram muito desprezados tanto política como religiosamente. Eram judeus que estavam a serviço do poder imperial romano, e que além de estar impuros pelo contato com todo o paganismo, ficavam com uma porcentagem daquilo que excessivamente cobravam de seus próprios irmãos judeus para enriquecer. Através deles, João nos diz que controlemos a ambição desenfreada que nos leva a ser injustos.
         O terceiro grupo é de soldados, ou seja, o pessoal militar do império que controlava naquela época os territórios palestinenses; assim, chantageavam e se sujavam para aumentar a sua remuneração, como acontece em qualquer lugar, inclusive uma das matérias da revista VEJA passada. Através deles, João nos diz que quando estivermos numa situação de poder, não devemos nunca ameaçar ninguém, com o abuso do poder que em vez de cuidar, faz pressão e oprime.
         Enfim, nos dois últimos casos, trata-se de ajuntar mais dinheiro, explorando e extorquindo os outros para o próprio benefício, cada vez mais comum nos dias de hoje. Nós sabemos que em qualquer tipo de posição, competência, capacidade, saber, há certo poder. Por isso, qualquer profissão ou posição tem seus perigos e tentações de abuso do poder, quando causa dano ao próximo em vista do próprio proveito. Devemos agir com responsabilidade no lugar que Deus nos colocou e, com o poder, servir o próximo por amor ao próximo.
         Quem age assim é João. Age com grande responsabilidade no cargo que lhe foi confiado por Deus. Tanto que o povo chega a considerá-lo o Messias. Ele, porém, se declara como alguém que somente aponta o Salvador. E fala da incomparável superioridade que tem Aquele que está pra chegar. João ilustra isso, dizendo que não é digno nem mesmo de prestar-lhe o mais humilde serviço.
Enquanto ele batiza com água – um batismo de arrependimento – Jesus batizará com o Espírito Santo e com fogo. Somente Ele recolherá o trigo e separará o grão da palha que será queimada no fogo que não se apaga. João não pode anunciar uma salvação fácil; deve haver um esforço nosso em busca da conversão, através da prática do amor ao próximo. Jesus está pra chegar e devemos nos alegrar muito por isso.
São Paulo nos diz que a paz de Deus é algo que supera todo entendimento. O mesmo vale para a alegria. Há uma relação recíproca entre esses dois dons do Espírito, pois a paz que existe em nós nos inspira a uma alegria interior que se manifesta no nosso humor. Às vezes, vemos pessoas que nos contagiam só com sua simples presença. Por sua vez, a nossa alegria deve transmitir paz, serenidade, harmonia e, acima de tudo, uma tranquilidade espiritual que deve provocar admiração nas pessoas que estão ao nosso redor. Se a esperança é uma alegria antecipada de coisas boas, vamos, portanto, cantar de alegria, enquanto esperamos a vinda do Salvador.

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