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quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Poesia meio apocalíptica (Ivan Teófilo)

ANJO ABSURDO

O anjo começa a desfilar
sem frevo,
sem samba,
sem batuque,
ferindo de silêncio a avenida carregada de barulho.
A multidão estaca de repente
para deixar passar o Anjo Absurdo
que vem na sua contramão
tirando, máscara por máscara,
a mentira da cara da gente,
olhando todo mundo
dos pés à cabeça,
do olho ao coração.
Os olhos do Anjo Absurdo
são de espelho
e cada um se vê nos olhos de si mesmo.
O Anjo Absurdo
desliza no asfalto
com pés descalços
de asas de lâmina de raio
e começa a enfeitiçar de rítno
o corpo e a alma
do povo que renasce de face lavada
por novas canções de amor.
Os pés do Anjo Absurdo
sapateiam no chão
uma dança de fogo
que invade a avenida
e mexe e remexe a massa,
em labareda.
Então o Anjo Absurdo
gargalha do meio da fumaça.
E volta para o céu.
Alguém sabe
porque o Anjo gargalhou no absurdo de sua ascenção
e deixou o incêndio sem destino?

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