1 - SAUDADE TODA
PELA PRIMEIRA
VEZ SENTI SAUDADE ME TORRANDO,
SE AFIRMANDO DE MIM
COMO O CÉU (?) QUE ME ENVOLVE
E RESPIRO.
SAUDADES DE MUITOS
DE COISAS E GENTE,
DE TEMPO VIVIDO
QUE FICOU FORTINHO LÁ DENTRO,
GUARDADO,
COMO A VIDA
QUE,
DESCOBERTA,
DE REPENTE,
SURPREENDE
E EXP0LODE NA SOLIDÃO E UM OLHAR...
2 - MEU NOME É ZUMBI
Nós somos um povo
que
veio de longe
roubado
dos braços
da
nossa mãe terra.
No fundo dos olhos
guardamos
uma lágrima.
Bem dentro de nós
um
grito de guerra.
Por cima da vida
de
um povo feliz rolaram a pedra
da
escravidão.
A
vida me cabe
na
casa da morte.
Agora anunciamos
a
ressurreição.
Quiseram negar
todo
nosso valor
dizendo
que negro
é
atraso, é desgraça.
Mostramos com força,
com
a vida, com o sonho
que
vamos prá frente
no
peito e na raça.
O canto da gente
carrega
a esperança
A reza da gente
refaz
nosso ser.
A dança que ginga
convoca
prá luta.
A luta da raça
se
torna poder.
As mãos que inventaram
toda
essas riqueza
tomada
de nós
pela
lei da cobiça;
as
mãos que trabalharam,
estas
mãos calejadas
se
unam agora
e
façam justiça.
Agora os mudos
recobram
sua voz.
Os cegos já vêem
o
que há por aqui.
Os mortos retornam
com
força a viver.
Palmares é agora
meu
nome é Zumbi.
.................................
Está muito difícil
aceitar
o absurdo
e
incorporá-lo no cotidiano:
o
absurdo de acatar o desmonte
da
caminhada da Igreja dos pobres
e
considerá-lo natural...;
Os evangelizadores tratados como marginais.
As pastorais populares (reprimidas como perigosas).
A Palavra de Deus anunciada aos pobres
vista
como distorção da verdade santa.
A celebração da vida
considerada
como
desvirtuamento da oração.
O poder partilhado
Como falsificação autoridade.
O processo formativo em comunhão com o povo
Como a ameaça á genuína à pastoral vocacional.
A caminhada de fé do povo de Deus
Trancada por decretos e decisões opressiva
Como atos libertadores da verdadeira Igreja.
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Não!
Não deixei minha face
perdida
num espelho...
sei
muito bem onde ela está
e
onde vou procurá-la
para
refazer minha identidade.
Meu rosto está preso à terra encharcada de escravidão,
De minha força de trabalho
E de meu sangue
E do sonho que escorre em minhas veias...
Está pregado às maquinas
que
ganham meus sentimentos,
atrofiam
minhas ideias
e
desmancham meu sorriso de homem livre...
Está
petrificado
No colorido,
Na dureza
E na solidão
Das paredes do edifício,
Onde se planeja e decide
O império do Capital
E se elimina a vida do trabalhador...
Mas agora,
vou buscar m eu rosto
e fazê-lo
bandeira
de protesto e luta
para
revirar o chão,
desmantelar
as máquinas
e
fazer estremecer
os
tempos e ídolos da injustiça
e
recriar o mundo à imagem e semelhança do amor.
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Nos olhos de quem penetra
o
fundo das coisas opacas
provocando
o impossível horizonte,
tu
vês...
nos
lábios de quem beija
a
boca insaciável à procura
de
ternura e comunhão,
tu
amas...
Nas mãos de quem trabalha
Nas
mãos de quem trabalha
e
tenta reinventar
a
criação que irrompe
e
desafia a coragem
do
homem e da mulher
para
repartir a vida,
tu
crias...
Na
voz de quem anuncia
o
grito reforçado
dos
pobres oprimidos
em
ritmo de esperança,
tu
cantas...
Na
luta dos que se unem
para
defender sem medo,
o
direito de viver
e
de conviver no amor,
tu
salvas...
No
caminhar da gente
que
busca terra e pão
e
não perdeu a fé
de
cultivar a paz,
tu
vais...
...................................
Vibra
uma canção
cantada
pela
madrugada
como
oração rezada
arrancada
da
garganta da terra
em
guerra
que
encerra
o
conflito,
o
grito
deste
rumor infinito
que
nasce
feito
esperança,
feito
flor que ao vento dança que é
rosto de criança
de
vida nova,
de
amor,
que
o povo dos pobres cria,
toda
hora, todo dia,
fruto
da dor e alegria,
semente
de explosão
no chão
e
no coração
como
um sonho (?)
que
invade
cada
poro da realidade: LI-BER-DA-DE.
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Onde
vão contar os sonhos
de
que fizeram real
a
vida acontecida
na
manha que chegou?
Onde
vai cair o sangue
de
quem foi ferido na peleja
e
caiu de honra em turno
nos
caminhos misteriosos do absurdo?
Onde
se despetalam a flor colhida
pelas
mãos apressadas
de
desejar o fruto
antes
da hora, anormal?
Onde
ficarão os pedaços das palavras explodidas
que
não couberam(?) na paixão
o
curso da dor, o grito da guerra.
..................................................
Meu
irmão,
Carlos
Drumond de Andrade,
você
nos diz numa inspiração
para
não perder a inspiração
para
não perder a esperança
e
não tropeçar nas pedras do caminho...
Você
se afasta
no
silêncio
como
você gostava de ficar...
Desta
vez você foi
para
se encontrar como toda a poesia
lavada
com teu sorriso
e
com nossas lágrimas.
Mas
se há saudade
Marcando
tantos rostos,
Há você caminhando mansamente
Em
cada verso
Que
você escreveu
No
coração da gente...
...................................
O
cotidiano vai tomando conta de mim
e
me vai fazendo
à
sua imagem e semelhança.
Ligo
a televisão
Prá
ver o programa
Do
Chico e Caetano
e
acabo gostando mais
do
comercial.
Me
levanto
prá
matar a fome do cachorro
que
ta me envolvendo
de
reivindicação com seus latidos
Me
lembro que o cachorro é irracional
mas
um animal que come,
o
contrario do homem.
E
ainda falta cozinhar o feijão
Que
amanhã tenho que acordar cedo
e
pegar o ônibus
para
o trabalho.
...........................................................
Tiro
um livro da estante
e vou procurar
uma
palavra
prá
traduzir o que sinto
e
que sei fazer silêncio.
Ouço
ruído do ônibus
e o
...(?)
do
sangue dos trabalhadores.
Ainda
é Natal,
Embora
mal se sente
O
som da “ Note Feliz”
de felicidade
tão curta...
curto
a inspiração
que
ouvi Gil
fazendo
uma homenagem
à
mamãe Menininha.
..........................................
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