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sexta-feira, 20 de abril de 2012

DUAS POESIAS DO IVAN


1 - SAUDADE TODA

PELA  PRIMEIRA VEZ SENTI  SAUDADE ME TORRANDO,
SE AFIRMANDO DE MIM
COMO O CÉU (?) QUE ME ENVOLVE
E RESPIRO.
SAUDADES DE MUITOS
DE COISAS E GENTE,
DE TEMPO VIVIDO
QUE FICOU FORTINHO LÁ DENTRO,
GUARDADO,
COMO A VIDA
QUE,  DESCOBERTA,
DE REPENTE,  SURPREENDE
E EXP0LODE NA SOLIDÃO E UM OLHAR...

2 - MEU NOME É ZUMBI

Nós somos um povo
que veio de longe
roubado dos braços
da nossa mãe terra.
No fundo dos olhos
guardamos uma lágrima.
Bem dentro de nós
um grito de guerra.

Por cima da vida
de um povo feliz rolaram a pedra
da escravidão. 
A vida me cabe
na casa da morte.
Agora anunciamos
a ressurreição.

Quiseram negar
todo nosso valor
dizendo que negro
é atraso, é desgraça.
Mostramos com força,
com a vida, com o sonho
que vamos prá  frente
no peito e na raça.

O canto da gente
carrega a esperança
A reza da gente
refaz nosso ser.
A dança que ginga
convoca prá luta.
A luta da raça
se torna poder.

As mãos que inventaram
toda essas riqueza
tomada de nós
pela lei da cobiça;
as mãos que trabalharam,
estas mãos calejadas
se unam agora
e façam justiça.

Agora os mudos
recobram sua voz.
Os cegos já vêem
o que há por aqui.

Os mortos retornam
com força a viver.
Palmares é agora
meu nome é Zumbi.
.................................
Está muito difícil
aceitar o absurdo
e incorporá-lo no cotidiano:
o absurdo de acatar o desmonte
da caminhada da Igreja dos pobres
e considerá-lo natural...;
Os evangelizadores tratados como marginais.
As pastorais populares (reprimidas como perigosas).
A Palavra de Deus anunciada aos pobres
vista como distorção da verdade santa.
A celebração da vida  considerada
como desvirtuamento da oração.
O poder partilhado
Como falsificação autoridade.
O processo formativo em comunhão com o povo
Como a ameaça á genuína à pastoral vocacional.
A caminhada de fé do povo de Deus
Trancada por decretos e decisões opressiva
Como atos libertadores da verdadeira Igreja.
............................................................................
Não!
Não deixei minha face
perdida num espelho...
sei muito bem onde ela está
e onde vou procurá-la
para refazer minha identidade.
Meu rosto está preso à terra encharcada de escravidão,
De minha força de trabalho
E de meu sangue
E do sonho que escorre em minhas veias...

Está pregado às maquinas
que ganham meus sentimentos,
atrofiam minhas ideias
e desmancham meu sorriso de homem livre...

Está petrificado
No colorido,
Na  dureza
E na solidão
Das paredes do edifício,
Onde se planeja e decide
O império do Capital
E se elimina a vida do trabalhador...
Mas agora,
vou buscar m eu rosto
e  fazê-lo
bandeira de protesto e luta
para revirar o chão,
desmantelar as máquinas
e fazer estremecer
os tempos e ídolos da injustiça
e recriar o mundo à imagem e semelhança do amor.
......................................................................................
Nos olhos de quem penetra
o fundo das coisas opacas
provocando o impossível horizonte,
tu vês...

nos lábios de quem beija
a boca insaciável à procura
de ternura e comunhão,
tu amas...
Nas mãos de quem trabalha





Nas mãos de quem trabalha
e tenta reinventar
a criação que irrompe
e desafia a coragem
do homem e da mulher
para repartir a vida,
tu crias...

Na voz de quem anuncia
o grito reforçado
dos pobres oprimidos
em ritmo de esperança,
tu cantas...

Na luta dos que se unem
para defender sem medo,
o direito de viver
e de conviver no amor,
tu salvas...

No caminhar da gente
que busca terra e pão
e não perdeu a fé
de cultivar a paz,
tu vais...
...................................

Vibra uma canção
cantada
pela madrugada
como oração rezada
arrancada
da garganta da terra
em guerra
que encerra
o conflito,
o grito
deste rumor infinito
que nasce
feito esperança,
feito flor que ao vento dança  que é rosto de criança
de vida nova,
de amor,
que o povo dos pobres cria,
toda hora, todo dia,
fruto da dor e alegria,
semente de explosão
no  chão
e no coração
como um sonho (?)
que invade
cada poro da realidade: LI-BER-DA-DE.
..................................................................
Onde vão contar os sonhos
de que fizeram real
a vida acontecida
na manha que chegou?
Onde vai cair o sangue
de quem foi ferido na peleja
e caiu de honra em turno
nos caminhos misteriosos do absurdo?
Onde se despetalam a flor colhida
pelas mãos apressadas
de desejar o fruto
antes da hora, anormal?
Onde ficarão os pedaços das palavras explodidas
que não couberam(?) na paixão
o curso da dor, o grito da guerra.
..................................................

Meu irmão,
Carlos Drumond de Andrade,
você nos diz numa inspiração
para não perder a inspiração
para não perder a esperança
e não tropeçar nas pedras do caminho...
Você se afasta
no silêncio
como você gostava de ficar...
Desta vez você foi
para se encontrar como toda a poesia
lavada com  teu sorriso
e com nossas lágrimas.
Mas se há saudade
Marcando tantos rostos,
 Há você caminhando mansamente
Em cada verso
Que você escreveu
No coração da gente...
...................................
O cotidiano vai tomando conta de mim
e me vai fazendo
à sua imagem e semelhança.
Ligo a televisão
Prá ver o programa
Do Chico e Caetano
e acabo gostando mais
do comercial.
Me levanto
prá matar a fome do cachorro
que ta me envolvendo
de reivindicação com seus latidos
Me lembro que o cachorro é irracional
mas um animal que come,
o contrario do homem.
E ainda falta cozinhar o feijão
Que amanhã tenho que acordar cedo
e pegar o ônibus
para o trabalho.
...........................................................
Tiro um livro da estante
 e vou procurar
uma palavra
prá traduzir o que sinto
e que sei fazer silêncio.
Ouço ruído do ônibus
e o ...(?)
do sangue dos trabalhadores.
Ainda é Natal,
Embora mal se sente
O som da “ Note Feliz”
de felicidade tão curta...
curto a inspiração
que ouvi Gil
fazendo uma homenagem
à mamãe Menininha.
..........................................

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