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sábado, 20 de agosto de 2011

SANTOS JOVENS NOS ALTARES SALESIANOS - II



APRESENTAÇÃO

Em se tratando de dois alunos dos SDB e uma aluna das FMA, apresentaremos inicialmente algumas idéias rápidas sobre São João Bosco, Santa Margarida Maria Mazzarello e o Sistema Pedagógico Juvenil proposto por ambos os santos. Foi seguindo esse Método Pedagógico que os três jovens chegaram aos altares.
Daremos em seguida uma notícia sobre o ingresso do Projeto Salesiano além das fronteiras do Piemonte, através das primeiras expedições missionárias ou fundações da Europa e da América. Abordaremos em seguida  o Sistema Salesiano e a Espiritualidade Juvenil Salesiana para finalmente atacarmos o assunto nodal de nosso estudo: os três jovens santos, frutos e modelos da santidade juvenil salesiana.
Esse trabalho foi preparado para uma série de conferências à Família Salesiana da Inspetoria Salesiana do Nordeste do Brasil, em sua IV Jornada, realizada no Recife de 13 a 17 de agosto de 2001. Não se trata de um estudo completo, mas de algumas informações a respeito da temática abordada. As fontes consultadas foram além de alguns trabalhos já publicados, outros documentos do Arquivo Central Salesiano de Roma-Pisana (ASC).
Fomos um pouco mais prolixos ao descrevermos as vicissitudes por que passaram Laura Vicuña, a moça andina e o jovem patagônico Severino Namuncurá. Quanto a Domingos Sávio, modelo primeiro da santidade juvenil salesiana, fomos mais sucinto, pelo fato de ser o jovem aluno de D. Bosco bem mais conhecido entre nós.
Segundo meu ponto de vista, uma leitura destas páginas oferece, embora superficialmente, uma idéia sobre o projeto juvenil de D. Bosco e M. Mazzarello, encarnado pelos três jovens alunos. Esperamos no entanto, que sirva também como incentivo e maior ardor no trabalho apostólico-vocacional da Família Salesiana.
Sávio, Laura e Namuncurá são os primeiros frutos do Sistema de Espiritualidade Juvenil proposto e vivido inicialmente em Valdocco e Mornese.

I.  PARTE 
1. D. Bosco
2. M. Mazzarello
3. Expedições Missionárias
 4. Mazzarello: dois santos e um projeto

1. D. BOSCO

1.   1 . Menino diferente, padre especial 
O profeta e seu projeto
Joãozinho Bosco (1815-1888), desde cedo, foi um menino diferente, não só entre os irmãos, mas também no meio dos colegas. Inteligente, estudioso e temente a Deus, sua maneira de ser e agir se impunha naturalmente sobre os demais colegas que o respeitavam e e o tinham como líder. A mãe logo que soube das intenções do filho quanto ao futuro, tentou incentivá-lo. Seu caçula desejava ser padre, um sacerdote que não conhecesse apenas o prédio de sua igreja e o sacristão, nem andasse de olhos sisudos, sempre dirigidos para o chão, como quem tinha medo do mundo e dos homens. Não lhe interessava ser um homem hermeticamente fechado em seu hábito de monge. Queria ser alguém que não impusesse medo às crianças, aos meninos e jovens. Queria  aproximar-se deles como amigo para ajudá-los em suas dificuldades materiais e espirituais.
À medida que conhecia melhor a situação em que se encontrava a juventude em Turim e arredores aumentava a angústia do jovem Bosco. Novel sacerdote, quanta tristeza não sentia ao observar tantos jovens destruídos física e moralmente, ainda nos primeiros anos de idade. Aquela situação degradante e aviltante atingia profundamente os sentimentos e o coração do padre Bosco. Tornou-se de tal modo impressionado pelas cenas que via todos os dias, que resolveu dedicar toda sua vida à causa da juventude pobre e abandonada. O relacionamento que tentaria construir com os moços basear-se-ia na aproximação, no diálogo, na preocupação constantes, tentando compreendê-los em seus problemas.
Inúmeros perambulavam ou se acotovelavam nas imediações de Porta Palazzo, - um dos bairros de Turim - camelôs ambulantes, vendedores de fósforos, engraxates, limpa-chaminés, moços encarregados de cocheiras, distribuidores de volantes, carregadores, todos pobres meninos que sobreviviam daqueles magros negócios.[1]
O ajuntamento de rapazes e trabalhadores adultos, gerava nas cidades o problema demográfico das massas humanas, impulsionadas pelo início da industrialização, o novo motor da história que viria transformar com sua tecnologia revolucionária o ritmo da sociedade universal. Transformação muitas vezes maléfica ao homem, àqueles adolescentes esquecidos  famintos e doentes.
Pouco a pouco o filho de Margarida Occhiena conscientizava-se que tinha sido chamado por Deus para cumprir uma missão especial no meio da juventude. Sua vida passou a ser dominada pela incessante presença do divino. «Nele era profunda e constante a consciência de ser instrumento do Senhor para uma missão singularíssima».[2]
A existência do futuro santo de Turim foi realmente uma total doação àqueles que ele chamava a parte mais frágil da humanidade. Até ao final de seus dias, cumpriu inexoravelmente o propósito de se consumir por eles. Nos últimos anos tornara-se muito difícil confessar, dado o cansaço que o acometia, a falta de forças que toda uma vida de esforços constantes lhe consumira. Uma ocasião em 1886, seu médico sugeriu ao secretário particular, Pe. Carlos Viglietti (1864-1915) que lhe dissesse que parasse um pouco. Ele, rindo responde: «Êh, meu caro, se ao menos não confesso os jovens, que farei então? Prometi a Deus que até o meu último respiro seria para meus pobres jovens».[3]

2.  Primeiro Oratório Salesiano - A Obra dos Oratórios

A Família Salesiana
A Família Salesiana está acostumada a ouvir falar do encontro de Dom Bosco com Bartolomeu Garelli, no domingo 8 de dezembro de 1841[4], festa da Imaculada Conceição de N. Senhora. Naquele dia nasceu o primeiro Oratório Salesiano.[5] Após a Missa, Dom Bosco realizou a primeira reunião do seu Oratório. Tudo começou com uma Ave Maria e um jovem que aos 16 anos não sabia nem fazer o sinal da Cruz.[6] Os salesianos consideram o encontro com Garelli como o início da Sociedade. Dom Bosco lançava a pedra fundamental da Congregação dos jovens naquele momento. Com uma prece à Virgem Auxiliadora dava início ao «movimento de pessoas que de vários modos trabalhariam para a salvação da juventude».[7]
O Oratório salesiano consolida-se em 1842, acolhendo inicialmente só os jovens mais perigosos, especialmente os saídos das prisões, embora, como aludimos, existissem entre eles também rapazes de boa conduta e instruídos. Estes ajudavam na disciplina e na moralidade, nas leituras e cânticos das funções litúrgicas.[8]

3 Internato (1847)

Com o objetivo de minorar a problemática, o amigo dos jovens resolveu abrir ao lado do Oratório para externos, um local onde os mais carentes pudessem se abrigar. Nasce assim o Internato salesiano. Era a  primavera de 1847. D. Bosco aproveitava  a disponibilidade da casa. Dali em diante, além do Oratório festivo e das escolas noturnas, Valdocco passou a dispor também de um ambiente que permitia a um certo número de jovens ir à cidade, durante o dia para trabalhar nas várias oficinas ou estudar com algum professor particular. À noitinha voltavam para o Oratório, mesmo porque ali encontravam a ativa e amorosa presença de Mamãe Margarida e o calor de uma verdadeira família.[9] Um rapaz de nome Alessandro Pescarona, filho de um ricaço começou desde o início a fazer parte daquele Internato. Pagava uma mensalidade e convivia com Dom Bosco e com os oratorianos do bairro de Valdocco. Durante o dia estudava latim na cidade.
A respeito daquele pensionato e da mensalidade paga pelos que tinham condições, escreveu o próprio Santo:
«Não é justo que aquele que tem poucas ou muitas posses, suas ou da família, desejando ser admitido entre nós, aproveite das esmolas que são dadas para os outros».[10]


2 comentários:

  1. Agradeço pela atenção e disponibilidade em nos "informar" sobre assuntos tão interessantes. Estou realmente curiosa pela história da Laura e do Indio. Pensei em buscar na internet. Porém, na net encontramos coisas boas e também, coisas, horríveis, inverdades. O blog salesianidade inspira confiança e por isso aguardarei as postagens.

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  2. Laura eu até conheço a história. A minha curiosidade é saber do índio. Não sabia nem que tinha esse. E é porque a minha vida toda foi dentro da igreja salesiana.

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