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quarta-feira, 24 de agosto de 2011

SANTOS JOVENS NOS ALTARES SALESIANOS (Cont...)


II. PARTE

1.Sistema Salesiano

2. Espiritualidade Juvenil Salesiana

1. Sistema Salesiano

Antes de apresentar sucintamente alguns traços sobre os três jovens que se santificaram praticando o Sistema Educativo de D. Bosco, gostaria de dizer uma palavra sobre Sistema salesiano e Espiritualidade[49] juvenil salesiana.
O projeto pedagógico teorizado e posto em prática pelo fundador da Congregação Salesiana foi sempre um ponto forte e constante de reflexão entre os diversos ramos da Família Salesiana. A caminhada apresenta alguns estágios. Desde os acenos iniciais apresentados pelo Pe. Francisco Cerrute[50] (1844-1917), àqueles incentivados pelo clima do processo de beatificação de D. Bosco (1890-1929).
Este segundo momento veio sublinhar os princípios fundamentais, apresentados pelo mesmo D. Bosco em uma de suas conferências feitas em Niza (1877). Outras consequências destes estudos foram os comentários surgidos sobre a originalidade do Sistema bosquiano[1], em relação a outras instituições. Entre as distinções costumam-se apontar: a sacerdotalidade carismática e exemplar de D. Bosco e a prática dos Sacramentos como uma típica e irrenunciável modalidade nos Institutos educativos salesianos. Em Niza o santo dos jovens afirmava que «todo este Sistema se apoia na razão, na religião e na amabilidade».
Um acontecimento importante e lisonjeiro para toda a Família Salesiana aconteceu entre a Primeira e Segunda Conflagração mundial, tempo em que dominava na Itália o Sistema fascista.[51] Os salesianos e outras lideranças católicas conseguiram que os programas educativos italianos incluíssem D. Bosco entre os clássicos da pedagogia. Pe. Pedro Stella comentando o fato afirma que,
«Aos olhos de quem promoveu a iniciativa, nas mesmas proclamações de Pio XI, D. Bosco era na realidade como um gigante que despontava entre os educadores católicos do ‘800, promotor de uma educação completa, que tanto mais deveria ser exaltada, quanto mais aparecia em contraposição a quem promovia uma educação fundada no adestramento físico e no mito da força conquistadora: coisas que levavam a prognosticar um encontro violento entre povos e a uma nova terrível conflagração mundial».[52]

O fato aconteceu em meio à oposição e às críticas. Não obstante, o clima oriundo da ambiguidade criada pelo fascismo conduziu o debate dos pedagogos católicos e em especial dos salesianos em torno do pensamento e da figura do educador de Turim. O fundador do Oratório de Valdocco foi então considerado não apenas um respeitável educador, mas um dos grandes nomes da pedagogia hodierna.
Nos últimos trinta anos, após o Vaticano II (1962-1965), tendo em vista a evolução do mundo e da Igreja, a Congregação desenvolveu uma contínua caminhada de reflexão da Pastoral Juvenil. A partir de 1971 os diversos Capítulos Gerais Salesianos realizados compendiaram as normas destas reflexões.
· CG19 (1965) - Iniciado logo após o Vaticano II. Teve como centro a figura do salesiano. Trata das estruturas e atividades da Família Salesiana (redimensionamento das obras, instituição de um Vice, ao lado do Inspetor e Diretor, entre outros temas.
· CGS20 (Capítulo Geral Especial (1971) - É o Capítulo do renovamento pedido pela Igreja e pelos novos sinais, lidos na evolução da sociedade, onde vivem os jovens destinatários da missão. Estudou o papel da identidade salesiana, à luz das realidades e diretrizes da Igreja, após o vendaval produzido pelo Vat. II.
· CG21 (1978) - Repensa os conteúdos da proposta pastoral salesiana, atualizando uma leitura do Sistema Preventivo. Apresenta a Comunidade Salesiana como animadora de numerosas forças apostólicas, o PEPS. Define a identidade salesiana de alguns ambientes de educação e evangelização, como o Oratório, o Centro juvenil, a Paróquia.
· CG22 (1984) – Realiza a reforma das Constituições e Regulamentos, já objeto de estudos pelos Capítulos Inspetoriais.
· CG23 (1990) - Tendo em vista a nova situação dos jovens em seus contextos, este conclave denomina o PEPS (Projeto Educativo Pedagógico Salesiano) como um caminho de educação à fé, inspirado e guiado pela Espiritualidade Juvenil Salesiana.
· CG24 (1996) - Os capitulares retornaram ao PEPS afirmando que toda a missão por ele expressa e animada pela Espiritualidade Juvenil Salesiana, coloca-se no horizonte de um vasto grupo de pessoas, que de vários modos participam do espírito de D. Bosco. Alguns dos temas aprofundados: centralidade da participação dos leigos; a nova função animadora da Comunidade salesiana; a Comunidade Educativo Pastoral (CEP).
Durante o reitorado do Pe. Egídio Viganó estimulou-se e orientou-se o processo de assimilação e aprofundamento das quatro dimensões[53] fundamentais do PEPS. Neste último sexênio, com o Pe. João Edmundo Vecchi, a Congregação se preocupou sobretudo com a organicidade da Pastoral Juvenil Salesiana.
Neste sentido aconteceram em nível mundial para salesianos e animadores da PJS cursos em todas as regiões do mundo, onde se encontram os SDB. Em nível local, diversas Inspetorias da Europa e América Latina têm-se organizado, realizando encontros juvenis, jornadas, caminhadas. Em 1999, o Movimento Juvenil Salesiano (MJS) realizou o Confronto Europeu. No ano seguinte foi a vez do Forum mundial de jovens, quando Valdocco, Colle e Mornese acolheram milhares de moços e moças do povo de D. Bosco. Quem viu se emocionou.

2. Espiritualidade juvenil salesiana

A especificidade da pedagogia de D. Bosco enfoca de modo particular a figura juvenil. O jovem ao se deparar com o universo salesiano encontra uma formação espiritual, uma forma de vida traçada por D. Bosco, uma espiritualidade juvenil, vivida no Oratório de Valdocco em Turim. Os jovens se encontram no centro da missão para a qual o Santo dos jovens foi chamado por Deus.
Os moços acolhidos em Valdocco eram convidados a escolher certos valores, seguir determinados comportamentos. O estilo de vida, de educação  que alí encontravam era o que se chama espiritualidade salesiana. Um novo caminho pedagógico também denominado Sistema Preventivo. Tratava-se de uma arte operativa e ao mesmo tempo simples, de viver o cotidiano e que ao mesmo tempo poderia levar a grandes conquistas. Esta concepção originária e audazmente propunha a santidade juvenil, de tal modo que o D. Bosco pode ser justamente chamado de mestre da espiritualidade juvenil.
Podemos perguntar qual foi o segredo do êxito educativo de D. Bosco. A resposta certamente está na intensa espiritualidade que ele cultivou. Na energia interior que nele uniu inseparavelmente o amor de Deus e o amor ao próximo. Um modus vivendi em que o pastor e mestre da juventude estabeleceu uma síntese entre evangelizar e educar os jovens. Uma caridade pastoral, cuja expressão concreta é a espiritualidade salesiana, elemento primordial na ação pastoral dos SDB e FMA, fonte de vida evangélica, princípio de inspiração e de identidade, critério de orientação.[54]
As idéias do Sistema Salesiano de educação foram compendiadas inicialmente no Jovem Instruído (1847), um opúsculo de práticas de piedade. Em seguida no Regulamento (manuscrito) da Casa anexa ao Oratório e em biografias como as de Domingos Sávio e Luís Comolo (1844). Em livros como a História Eclesiástica (1845) e a História Sagrada (1847). Os sermões, boas noites e conselhos vários paulatina e contemporâneamente serviam para construir o progresso espiritual de gerações de jovens como Sávio e Magone.
Uma segunda etapa na divulgação das idéias bosquianas sobre a espiritualidade juvenil vamos encontrar nas primeiras biografias dos jovens D. Sávio, Francisco Besucco e Miguel Magone). São opúsculos preciosos sobre a espiritualidade juvenil vivida pelos primeiros alunos salesianos, transmitida aos SDB e às FMA, ainda no primeiro século da história salesiana.
Com o andar da carruagem foram aparecendo outros escritos sobre novos santos jovens frutos do Sistema Educativo Salesiano que de Valdocco e Mornese espalhou-se por todos os Continentes. Neste rol estão as vidas de Laura Vicuña e Severino Namuncurá, entre outros.
E evolução dos tempos e das idéias fizeram com que a Espiritualidade Juvenil Salesiana se revestisse de uma nova fisionomia. Os Capítulos Gerais de 1971 e ’77, como vimos acima, abordaram a problemática, enquanto que o CG 1990 ocupou-se precisamente da educação dos jovens à fé, enucleando a temática nos cinco pontos a seguir.

2. 1 Uma espiritualidade “salesiana” (Cf. CG 23, 158-161)

O caminho de educação para a fé revela progressivamente ao jovem um projeto original de vida cristã, ajudando-o a tomar consciência do fato. Ele aprende a viver um novo modo de ser crente no mundo, organizando a vida ao redor de algumas percepções de fé, escolha de valores e posicionamentos evangélicos: vive espiritualidade.
O CGS e o CG21 são fundamentais, no que diz respeito aos estudos sobre «a espiritualidade juvenil salesiana». O CG23 retoma o assunto nas comunidades e com os jovens. Lembra o sonho dos nove anos e a mãe e mestra que acompanhará e preparará D. Bosco para a missão juvenil. Mas tarde, em Valdocco, já sacerdote e educador de jovens, encontramos os primeiros resultados de seu Sistema de educação. As biografias de Domingos Sávio, Francisco Besucco e Miguel Magone descrevem a santidade juvenil no início do Oratório. Mais tarde esta santidade será oficialmente reconhecida pela Igreja na canonização de Domingos Sávio, na beatificação de Laura Vicuña e na venerabilidade de Severino Namuncurá.
A tradição salesiana sempre falou do Sistema Preventivo como um projeto de santidade. No trinômio, conhecido por toda a Família Salesiana, razão, religião, amabilidade, estão compendiados os conteúdos e o método do acompanhamento espiritual. O "Jovem Instruído" e os vários "Regulamentos" escritos para os alunos das casas salesianas, apresentam em contexto simples da vida ordinária, o empenho da espiritualidade salesiana.
A palavra "Salesiana" indica a fonte carismática unida à corrente espiritual do humanismo de S. Francisco de Sales, traduzido e revivido por D. Bosco no Oratório.

2.2 Uma espiritualidade "juvenil"

O protagonismo juvenil encontrou em Valdocco um amplo espaço em todos os setores da vida, até ao ponto em que os jovens foram chamados por D. Bosco para ser com ele "cofundadores" de uma nova Congregação. Os jovens o ajudaram a começar, na experiência diária, um estilo de vida nova, condicionado às exigência típicas do desenvolvimento juvenil.
Foram assim, de certo modo, ao mesmo tempo discípulos e mestres.
Em todas as comunidades salesianas de hoje, como ontem no Oratório, o empenho espiritual nasce de um encontro que faz desabrochar a amizade. Desta nascem o relacionamento constante e a companhia procurada para um melhor conhecimento da vocação batismal e o caminho para a maturação da fé.
«Não quero abandonar D. Bosco, quero ficar sempre com ele», dizia chorando o pedreiro José Buzzetti, um dos primeiros jovens recebido no Oratório.[55] O clérigo João Cagliero, respondia resolutamente ao seu mestre e amigo:«frade ou não frade, é o mesmo. Estou decidido como sempre o fui, a não separar-me de D. Bosco».[56]

2.3 Uma espiritualidade "educativa"

O fato de se colocar o jovem, com seus dinamismos interiores, no centro da atenção do educador indica a característica fundamental da espiritualidade juvenil. Trata-se justamente de uma espiritualidade educativa que se volta-se para todos os jovens indistintamente, privilegiando os mais pobres.
O assumir o desafio do distanciamento-estraneidade e da irrelevância da fé na vida, exige que os educadores acompanhem e compartilhem a experiência dos jovens. «Amai as coisas que os jovens amam». Só assim eles gostarão daquilo de que nós gostamos.[57] Esta advertência é ainda hoje repetida por D. Bosco, à Família Salesiana.

2.4 O núcleo da espiritualidade juvenil salesiana

1. Espiritualidade do quotidiano

O quotidiano inspirado em Jesus de Nazaré (Const. 12) é o lugar onde o jovem reconhece a presença operadora de Deus e vive sua relação pessoal. Na vida dos jovens que viveram com D. Bosco no Oratório nota-se claramente esta característica.

2. Espiritualidade da alegria e do otimismo

O quotidiano deve ser encarado na alegria e no otimismo, sem no entanto, se renunciar aos próprios compromisso e à responsabilidade (Const. 17, 18).A santidade aqui no Oratório, dizia Sávio, consiste em estar sempre alegres.

3. Espiritualidade da amizade com Jesus Cristo

O quotidiano é recriado pelo Cristo pascal, ressuscitado (Const. 34) que nos apresenta as razões da esperança e nos introduz em uma vida que encontra nele a plenitude de sentido. É impressionante como os jovens Sávio, Laura e Namuncurá levaram a sério este tipo de relacionamento com o amigo Jesus Cristo.

4. Espiritualidade de comunhão eclesial

O quotidiano se experimenta na Igreja (Const. 13 e 35), ambiente natural para o crescimento na fé através dos Sacramentos. Nela encontramos Maria (Const. 20 e 34) que precede, acompanha e inspira. Esta espiritualidade foi vivida intensamente pelos três primeiros santos jovens do Sistema Preventivo.

5. Espiritualidade de serviço responsável

O quotidiano é apresentado aos jovens como um serviço (Const. 31) generoso, ordinário e extraordinário. Os jovens do Oratório e das demais obras salesianas que se santificaram praticando o Sistema Preventivo demonstram como fizeram do quotidiano um caminho de perfeição espiritual.

III PARTE

Modelos de Santidade Juvenil Salesiana
(Sávio, Laura, Namuncurá)


«Entendemos que o grande Jubileu do Ano 2000, convoca-nos corajosamente a um retorno às fontes e a uma revisão com olhares novos dos mistérios da fé e dos testemunhos desta mesma fé. Torna-se indispensável interpretar o quanto eles fizeram, disseram e viveram, a fim de que hoje possamos perceber que eles continuam vivos e efetivamente ainda têm algo a nos dizer».[58]

S. Tomás de Aquino, um dos mais famosos teólogos da Igreja Católica, referindo-se à santidade juvenil, escreveu que a idade terrena não prejudica a alma.[59]
Na Sabedoria lê-se: vivendo-se brevemente pode-se preencher longos tempos.[60]
D. Bosco costumava dizer aos jovens do Oratório que era fácil ser santo.[61]
Na história da santidade juvenil salesiana esta afirmação do fundador da Congregação foi tomada a sério já com os primeiros jovens alunos. Domingos Sávio (15 anos), Laura Vicuña (13) e Zeferino Namuncurá (19) estão entre os primeiros exemplos desta realidade. Dois rapazes e uma jovem que, compreendendo e vivendo os ensinamentos do Santo dos jovens, foram propostos oficialmente a toda a juventude mundial como modelos de santidade jovem. E isso em apenas 50 anos de existência do Sistema Salesiano de Educação.
Pe. Egídio Viganó, sétimo Reitor Maior dos SDB, dirá que, a santidade não deve ser considerada uma espécie de luxo, mas um fermento que guia a história para a salvação.


1. Domingos Sávio

1.1 Diálogo entre dois santos

Numa manhã de 02 de outubro de 1854, Carlos Sávio e o filho Domingos Sávio[62] subiam a ladeira dos Becchi, onde um pequeno grupo de casas coroava o topo da colina. Ali vivia José, irmão de D. Bosco. Todos os anos naquela época, o santo deixando Valdocco, costumava hospedar-se com um grupo de seus jovens na residência do mano.
Pai e filho vinham do vizinho lugarejo chamado Mondônio. Era a primeira vez que se encontravam com o famoso padre João Bosco.
Entre o sacerdote, então com 39 anos e o menino de 12, estabeleceu-se sem mais um relacionamento de quem parecia serem amigos de muitos anos. A confiança entre ambos foi rápida, fácil e insólita para quem se encontrava pela primeira vez. O seguinte diálogo é prova do fato:
- D. Sávio. Então, leva-me a Turim para estudar?
- D. Bosco. É, parece-me que se trata de um bom tecido
- DS. E para que poderá servir?
- DB. Para fazer um belo terno e presenteá-lo ao Senhor
- DS. Então eu serei o tecido e D. Bosco o alfaiate.

1.2 No Oratório de Valdocco

No final de outubro de 1854, Domingos já se encontrava em Valdocco, cercanias de Turim, antiga Capital do Reino da Sabóia, hoje um dos bairros daquela metrópole piemontesa. D. Bosco acolhia na época dois grupos de jovens internos: os aprendizes e os estudantes. Iniciavam-se as primeiras Escolas Profissionais do Oratório frequentadas pelos aprendizes. Os estudantes frequentavam as aulas na cidade de Turim. Sávio estava entre os alunos da escola do professor Bonzanino. Ao terminar o primeiro ano, o filho de Carlos e Brígida havia dado conta dos programas normalmente desenvolvidos em dois anos.
A vida no Oratório ela a vivia tranquilamente, observando com exactidão as normas da Casa. Tratava-se de um aluno cumpridor dos deveres de estudante, notabilizando-se de modo especial em sua vida de piedade.
Todo o ano de 1855-1856, passou estudando no Oratório na escola dirigida pelo clérigo Francesia. Na época começa a ter sérios problemas com a saúde. Em ’57 recomeça os estudos na cidade. O inverno foi duríssimo, enquanto que a enfermidade cada vez mais se agravava. Sofria de uma forte tosse (possivelmente uma pulmonite) e tinha os pés e mãos inchados e doloridos, castigados pelo geloni,[63] provocado pelo intenso frio. A primeiro de março, a conselho do médico, voltou para Mondônio, convencido que não mais veria o Oratório. O mal se acentuou e Domingos falecia no dia 9 daquele mesmo mês e ano 09/03/1857. Seus restos mortais se encontram na Basílica de Maria Auxiliadora em Turim.

1.3 Santidade e precocidade

Diante de um santo de apenas 15 anos e com uma vida tão simples, alguns durante o processo de canonização afirmaram que na realidade, não viam em D. Sávio nada de extraordinário. É o caso do Pe. João Batista Francésia, seu antigo professor:«Eu posso somente dizer que vejo nele um jovem gentil e virtuoso».[64]
No entanto, D. Bosco seu diretor espiritual por quase dois anos e meio afirmou peremptoriamente: «A virtude, inata com ele foi cultivada até ao heroísmo, durante toda a sua vida mortal».[65] Evidentemente, trata-se de um depoimento de quem o conhecia melhor do que qualquer outro. Mamãe Margarida, colaboradora do filho no Oratório comentava certa vez, enquanto observava a rapaziada no recreio:«Tens aqui muitos jovens bons. Mas, nenhum supera o belo coração e a bela alma de Domingos Sávio». Sua Santidade Pio XI chamou-o de «Pequeno grande gigante do espírito».
Um quotidiano anti - clerical de Asti, intitulado O Cidadão, publicou em julho de 1860 (dias 13, 18 e 21), uma série de artigos ironizando um livro[66] escrito por D. Bosco, sobre a vida do jovem D. Sávio. O articulista, escondido sob o pseudônimo de Martinho focaliza como vítima a biografia de Sávio. No entanto, seu verdadeiro objetivo era D. Bosco e a caricaturação de seu sistema educativo juntamente com suas convicções religiosas.[67]
O educador dos jovens sentiu fortemente a crítica mordaz do periódico anti-clerical oitocentista. Afinal, a biografia de seu aluno «era o documento clássico» de sua pedagogia espiritual, o paradigma típico apresentado por ele aos educadores do tempo.[68]

1.4 Um modelo para a juventude

Dom tinha em seu Oratório vários jovens virtuosos, como observara Mamãe Margarida. D. Sávio no entanto, era todo especial, «seu teor de vida foi notoriamente maravilhoso».[69]
Algumas das características que o fizeram santo aos 15 anos:
- grande empenho nos deveres de estudante,
- ajuda aos colegas, sobretudo aos novatos,
- ensino do catecismo aos colegas,
- visita aos doentes,
- preocupação em pacificar os briguentos,
- alegria (dizia a um aluno recém chegado: «para nós aqui, a santidade é estar sempre alegres),
- devoção à Eucaristia, a N. Senhora (funda com os colegas a Cia. da Imaculada) e ao Papa. Dom Bosco cultivou três grandes devoções, chamadas por alguns as devoções brancas: a da Eucaristia, a de Nossa Senhora e do Papa.
Após a morte foram diversos os alunos do Oratório que tomaram-no como exemplo. Entre os mais famosos encontram-se Miguel Magone (1845-1859) e Francisco Besucco (1850-1864). Outros foram: Gabriel Fascio, Luiz Rua, Camilo Gávio, João Marsiglia, Severino Namuncurá.
Nos Colégios das Filhas de Maria Auxiliadora (FMA), a beata Laura del Carmine Vicuña é sua mais lídima imitadora, falecida aos 13 anos incompletos.

1.5 Afinidades entre Sávio, o santo jovem e Bosco, o santo adulto

Há uma certa afinidade entre o discípulo e o mestre:
- perfeito aluno na escola,
- dotado de grande memória e inteligência perspicaz,
- grande coração e uma ardente fé,
- ideal missionário.
Um estudioso francês, escreveu que Sávio possuía alguma coisa que lembrava seu mestre espiritual. O que não existia no jovem santo em contraposição com o santo adulto eram a vivacidade, a agressividade natural e a robustez física.[70]




[1] BOSQUIANO de Bosco (bosque em italiano). A Sociedade de S. Francisco de Sales fundada por São João Bosco deveria se chamar: bosquiana. A denominação de SALESIANA é uma homenagem que D. Bosco fez a S. Francisco de Sales de quem era grande admirador e imitador. Comparando-se a espiritualidade de ambos iremos encontrar várias semelhançsas.

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