Desafios do
homem moderno – V (última reflexão)
Antenor de Andrade.
O problema principal da humanidade hoje, é a carência de uma
ética de relacionamentos com a Natureza
Os
relacionamentos entre o homem a natureza e/ou entre os homens e seus
semelhantes deveriam ser norteados por uma ética que poderíamos denominar de Ética de relacionamentos. Um
comportamento, uma espiritualidade comum, universal que o levaria a agir de acordo
uma orientação, pautada por esta Ética dominante e aceita por todos.
No entanto, a
dificuldade principal está no julgamento e na aceitação de um modus operandi, uma maneira geral de agir
e de operar. Essa atitude comportamental deveria fluir das opções fundamentais,
ou seja do entendimento dos valores do ter e do ser que nos levam a nos
comportar desta ou daquela maneira.
« O homem vive atualmente a urgência de uma opção
fundamental, a favor de um novo sentido do desenvolvimento integral e de
motivações que justifiquem e dêem sentido à vida e à convivência humana. Essas motivações devem envolver um nível
nacional, internacional e mundial unidas a um relacionamento contemplativo com
a natureza».
O homem moderno carece de uma
espiritualidade que integre pelos menos cinco aspectos.
1º Uma
espiritualidade ecológica – Temos que ver na ecologia não apenas um
depósito gigantesco da natureza a ser aproveitado, dilapidado, esgotado, mas
uma obra do Criador que deve ser admirada, respeitada. Deus está presente nela.
S. Francisco de Assis nos dá
o grande exemplo desse relacionamento contemplativo, quando chama “ o irmão
sol..., a irmã lua..., a irmã água...
2º Uma
espiritualidade dialógica – Esta modalidade comportamental não vê no outro um rival, um inimigo potencial,
mas alguém que deve ser respeitado e promovido. Alguém que tem potencialidades
que devem ser colocadas a bem do crescimento e aperfeiçoamento recíproco. Esta
espiritualidade leva a um respeito e reconhecimento mútuo e a aceitação das
características de cada um. Isso deveria ocorrer em nível de indivíduos, grupos
e nações.
3º Uma
espiritualidade solidária – Seria uma vida parecida com a dos primeiros
cristãos. Uma convivência em que houvesse a comunicação dos bens materiais,
culturais, espirituais levaria ao crescimento da pessoa. Desse modo chegaríamos à unidade do gênero humano, cujo
horizonte é alcançar e ultrapassar
as diferenças transitórias inerentes aos tempos, raças e culturas.
4º Uma
espiritualidade de comunhão – A comunhão com os outros, com os homens e com toda a humanidade leva à comunhão com
Deus, o Outro por excelência. Cria-se
então, uma harmonia e uma constante contemplação com toda a Natureza.
5º Uma espiritualidade
universal – Trata-se de uma atitude que leva a todos, pessoas, grupos e
nações a um universalismo entendido como
mentalidade universal, como uma atitude de harmonia e síntese do diferente e
complexo.
A aceitação e
a prática de uma espiritualidade assim entendida e vivida poderia levar os
homens a carrearem todas as energias e potencialidades do universo a um desenvolvimento
humano integral, onde todos se sentissem realmente solidários, realizados e
felizes.
O último
desafio
O último desafio está nas religiões. Serão elas capazes de construírem com a
humanidade uma espiritualidade com tais características, elas que padecem
também de divisões, interesses,
individualismos? Serão capazes de construírem um entrosamento humano que dê
sentido a todos os relacionamentos pessoais, grupais, de povos e nações? Algo
que elimine todas as desconfianças, divisões internas e externas, intolerâncias
étnicas, religiosas, sociais? Como desenvolver um dialogo e criar na humanidade
um DNA espiritual comum e universal que envolva terra, mar, céu e ar?
Entendo que é
trabalhando na direção desta utopia que alcançaremos, não sei quando, esta
ataraxia, esta felicidade e verdadeira fraternidade que trarão o bem estar da
humanidade. É seu último desafio. E então viveremos plenamente o sentido de
nossa existência e de nossos relacionamentos, a sobrevivência pacífica e feliz
de nossa espécie.
Um sonho
impossível? Quem viver verá e experimentará. Ou só no Paraíso de Deus vamos
viver esta realidade?
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