5. Contexto salesiano ( P. Antenor de Andrade)
O projeto missionário do P. Luiz Lasagna
Seis anos antes do ocaso do Império, desembarca nas terras do Brasil um
novo grupo de missionários: os Salesianos, denominados “os Jesuítas do séc. XX”[1].
É o ano de 1883, 14 de julho. Sua primeira comunidade surgiu na cidade de
Niterói. Em poucos anos fundaram diversas outras casas no Sul, Nordeste e
Centro Oeste do Brasil.
P.
Luiz Lasagna, fundador da obra salesiana no Uruguai, Brasil e Paraguai,
conhecia bastante a realidade brasileira. Através da leitura de livros,
relatórios, jornais e também pela observação pessoal inteligente. Outra fonte
de seu conhecimento sobre nossos problemas eram os relatórios que a Nunciatura
brasileira enviava à S. Sé. A viagem de 1882, da Capital do Império brasileiro
à foz do Amazonas foi uma oportunidade ímpar de observar “in loco” a situação
do país. As longas conversas com os bispos, religiosos e outras pessoas foram
de enorme utilidade na execução de seu plano missionário.
A
Santa Sé conhecedora dos grandes valores e virtudes deste desbravador de meio
Continente Sul Americano, encarregou-o de coordenar o trabalho missionário
entre os índios do Brasil. A tarefa foi-lhe atribuída em 15 de junho de 1883,
através de um Consistório romano que o nomeava Bispo dos índios do Brasil[2].
A
cavaleiro das necessidades missionárias da grande nação do trópico meridional,
o “bispo dos índios” já mesmo antes da nomeação, estabelecera algumas metas que
constituiriam seu Plano Missionário para o Brasil:
1 -
A assistência aos imigrantes e seus
filhos, preocupações estas que eram as mesmas de D. Bosco e P. M. Rua.
2 -
O cuidado pelos autóctones, os índios,
em uma região até agora inculta, era de suma importância. Os novos missionários
deviam organizar grupos para catequizar os numerosíssimos selvagens que viviam
na “sombra da morte”. Escrevendo a Dom Bosco o angustiado sacerdote, afirma que
no Brasil as necessidades morais e as misérias espirituais são inumeráveis e
enormes em todos os aspectos.
«Desde
o feroz selvagem que vive nu pelas florestas virgens deste imenso Império, ao
órfão que gira vagabundo pelas ruas das populosas cidades. Desde o escravo que
geme sob a repressão de patrões desumanos, ao inocente menino abandonado por
pais sem coração»[3].
A Congregação salesiana na
época em que P. L. Giordano chegou ao Brasil
O tempo correspondente à transferência do P. Giordano do Uruguai (1885)
à fundação do Colégio Salesiano do Sagrado Coração de Jesus[4],
em Pernambuco (1894), mostra que a Congregação salesiana apresentava em termos
mundiais os seguintes números.
Ano e número de
casas de 1885 a 1894
Ano:
|
1885
|
1886
|
1887
|
1888
|
1889
|
1890
|
1891
|
1892
|
1893
|
1894
|
Casas:
|
43
|
48
|
51
|
57
|
64
|
70
|
77
|
97
|
114
|
127
|
(ASC D 430 – Número e total de casas abertas)
Professos e
noviços de 1885 a 1894
Ano
|
P. perpet.
|
P. trien.
|
T. prof.
|
Noviços
|
T. pn.
|
1885
|
544
|
49
|
593
|
212
|
805
|
1886
|
576
|
60
|
636
|
254
|
890
|
1887
|
640
|
75
|
715
|
257
|
972
|
1888
|
680
|
88
|
768
|
267
|
1035
|
1889
|
776
|
111
|
887
|
320
|
1207
|
1890
|
857
|
135
|
992
|
356
|
1348
|
1891
|
946
|
184
|
1130
|
460
|
1590
|
1892
|
1047
|
177
|
1224
|
482
|
1706
|
1893
|
1181
|
231
|
1312
|
536
|
1984
|
1894
|
1301
|
271
|
1572
|
768
|
2340[5]
|
(ASC D 431 – Salesianos
professos e noviços de 1885 a 1894)
Obras salesianas
fundadas no Brasil de 1883 a 1919
(do ano da
chegada dos Salesianos ao Brasil ao falecimento de Monsenhor L. Giordano)
1.
1883 – Niterói (Santa Rosa)
2. 1885 – S. Paulo (Sagrado
Coração)
3. 1890 – Lorena (São Joaquim)
4. 1892 – Guaratinguetá (FMA)
5. 1894 – Cuiabá
6. 1894 - Recife (Sagrado
Coração)
7. 1895 – Araras
8. 1895 - Colônia Teresa
Cristina (MT), fechada em 1898
9. 1895 - Ouro Preto, Capelania
fechada em 1911
10.1896 – Lorena Or. S. C
(Oratório Sagrado Coração?, obra fechada em 1902
11.1896 - Cachoeira do Campo
12.1897 – Campinas
13.1897 - Coxipó da Ponte
14.1899 – Corumbá
15.1899 – Guaratinguetá,
fechada em 1908
16.1900 – Guaratinguetá
(Capelania do Hospital), fechada em 1902
17.1900 – Liceu Salesiano do
Salvador, Bahia
18.1900 – Colônia S. Sebastião,
Jaboatão PE
19.Rio Grande (Leão XIII)
21.1902 – Thebaida SE, fechada
em 1920
22.1902 – Orfanato S. Joaquim,
posteriormente deixado pelos SDB
23.1902 - Ladário, fechada em
1911
24.1904 - Bagé RS
25.1905 – Batatais, fechada em
1910
26.1905 - Rio das Garças,
fechada em 1923
27.1905 - Rio das Mortes,
fechada em 1934
28.1906 – Sangradouro, fechada
posteriormente.
29.1907 – Palmeiras, fechada em
1921
30.1908 – Lorena – Escola
Agrícola Coronel José Vicente
31.1909 – Oratório da
“Thebaidinha” em Aracaju
32.1909 – Barbacena, fechada em
1918
33.1909 – Campinas
34.1909 – Rio de Janeiro
35.1911 – Colégio N. Senhora
Auxiliadora (Rua da Aurora, Aracaju)
36.1912 – Colégio N. Senhora
Auxiliadora (Rua Pacatuba/Maruim, Aracaju)
37.1914 – Colégio N. Senhora
Auxiliadora (Thebaidinha, funcionando no mesmo local até aos nossos dias)
38.1914 – Lavrinhas
39.1914 – Uaupés (Rio Negro, S.
Gabriel da Cachoeira)
40.1915 – Campos do Jordão
41.1916 – Araguaiana (Instituto
N. Senhora Auxiliadora)
42.1917 –
Ascurra (ginásio S. Paulo)
43.1917 – Luiz Alves, fechada
em 1939
44.1918 – Arrozeira, hoje Rio
dos Cedros
45.1919 – Instituto Dom Bosco,
S. Paulo Capital (desde 1914 funcionava ali a Paróquia de Nossa Senhora
Auxiliadora do Bom Retiro)
[1]
Designação dada por Baldus, aos missionários salesianos. Fevereiro de 1970, em
conferência no Anthropos do Brasil, S. Paulo. Centro de..., CÉSAR, Catequese/75,
p 51.
[2] Acta Sanctae Sedis,
XXVI, p. 6.Cartas 123 e 166.,
em A. Ferreira. Epistolário, II.
[3] Luigi LASAGNA, Epistolário, Vol. II (1881 – 1892). Introduzione, note
critiche e testo a cura di Antonio Ferreira, LAS – ROMA, 1997. Cartas 123
e 166., em A. Ferreira.
Epistolário, II.
[4] No
elenco geral em italiano (1894) o enderêço é: Collegio do Sagrado Coração de
Jesus (Brazil) Pernambuco.
[5] Os
salesianos em 2001, incluindo bispos, prelados e noviços eram 16.913.
[6]
Tachos é um côrrego, afluente do rio Barreiro. (Vide L’Opera Salesiana dal
1880 al 1922 significatività e portata sociale, vol. III,
p. 241).
[7]
Naquele ano a Colônia foi transferida para um outro local, onde havia mais
água. Passou a chamar-se Meruri. Idem, p. 254.
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