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sexta-feira, 5 de outubro de 2012

P. Lorenzo Giordano. História salesiana no Brasil - VII


5. Contexto salesiano ( P. Antenor de Andrade)

O projeto missionário do P. Luiz Lasagna

Seis anos antes do ocaso do Império, desembarca nas terras do Brasil um novo grupo de missionários: os Salesianos, denominados “os Jesuítas do séc. XX”[1]. É o ano de 1883, 14 de julho. Sua primeira comunidade surgiu na cidade de Niterói. Em poucos anos fundaram diversas outras casas no Sul, Nordeste e Centro Oeste do Brasil.
P. Luiz Lasagna, fundador da obra salesiana no Uruguai, Brasil e Paraguai, conhecia bastante a realidade brasileira. Através da leitura de livros, relatórios, jornais e também pela observação pessoal inteligente. Outra fonte de seu conhecimento sobre nossos problemas eram os relatórios que a Nunciatura brasileira enviava à S. Sé. A viagem de 1882, da Capital do Império brasileiro à foz do Amazonas foi uma oportunidade ímpar de observar “in loco” a situação do país. As longas conversas com os bispos, religiosos e outras pessoas foram de enorme utilidade na execução de seu plano missionário.
A Santa Sé conhecedora dos grandes valores e virtudes deste desbravador de meio Continente Sul Americano, encarregou-o de coordenar o trabalho missionário entre os índios do Brasil. A tarefa foi-lhe atribuída em 15 de junho de 1883, através de um Consistório romano que o nomeava Bispo dos índios do Brasil[2].
A cavaleiro das necessidades missionárias da grande nação do trópico meridional, o “bispo dos índios” já mesmo antes da nomeação, estabelecera algumas metas que constituiriam seu Plano Missionário para o Brasil:
1 - A assistência aos imigrantes e seus filhos, preocupações estas que eram as mesmas de D. Bosco e P. M. Rua.
2 - O cuidado pelos autóctones, os índios, em uma região até agora inculta, era de suma importância. Os novos missionários deviam organizar grupos para catequizar os numerosíssimos selvagens que viviam na “sombra da morte”. Escrevendo a Dom Bosco o angustiado sacerdote, afirma que no Brasil as necessidades morais e as misérias espirituais são inumeráveis e enormes em todos os aspectos.

«Desde o feroz selvagem que vive nu pelas florestas virgens deste imenso Império, ao órfão que gira vagabundo pelas ruas das populosas cidades. Desde o escravo que geme sob a repressão de patrões desumanos, ao inocente menino abandonado por pais sem coração»[3].

A Congregação salesiana na época em que P. L. Giordano chegou ao Brasil

O tempo correspondente à transferência do P. Giordano do Uruguai (1885) à fundação do Colégio Salesiano do Sagrado Coração de Jesus[4], em Pernambuco (1894), mostra que a Congregação salesiana apresentava em termos mundiais os seguintes números.

Ano e número de casas de 1885 a 1894

Ano:
1885
1886
1887
1888
1889
1890
1891
1892
1893
1894
Casas:
43
48
51
57
64
70
77
97
114
127
(ASC D 430 – Número e total de casas abertas)

Professos e noviços de 1885 a 1894







Ano
P. perpet.
P. trien.
T. prof.
Noviços
T. pn.
1885
544
49
593
212
805
1886
576
60
636
254
890
1887
640
75
715
257
972
1888
680
88
768
267
1035
1889
776
111
887
320
1207
1890
857
135
992
356
1348
1891
946
184
1130
460
1590
1892
1047
177
1224
482
1706
1893
1181
231
1312
536
1984
1894
1301
271
1572
768
2340[5]
(ASC D 431 – Salesianos professos e noviços de 1885 a 1894)

Obras salesianas fundadas no Brasil de 1883 a 1919
(do ano da chegada dos Salesianos ao Brasil ao falecimento de Monsenhor L. Giordano)

1.    1883 – Niterói (Santa Rosa)
2.    1885 – S. Paulo (Sagrado Coração)
3.    1890 – Lorena (São Joaquim)
4.    1892 – Guaratinguetá (FMA)
5.    1894 – Cuiabá
6.    1894 - Recife (Sagrado Coração)
7.    1895 – Araras
8.    1895 - Colônia Teresa Cristina (MT), fechada em 1898
9.    1895 - Ouro Preto, Capelania fechada em 1911
10.1896 – Lorena Or. S. C (Oratório Sagrado Coração?, obra fechada em 1902
11.1896 - Cachoeira do Campo
12.1897 – Campinas
13.1897 - Coxipó da Ponte
14.1899 – Corumbá
15.1899 – Guaratinguetá, fechada em 1908
16.1900 – Guaratinguetá (Capelania do Hospital), fechada em 1902
17.1900 – Liceu Salesiano do Salvador, Bahia
18.1900 – Colônia S. Sebastião, Jaboatão PE
19.Rio Grande (Leão XIII)
20.1902 Colônia de Tachos[6], fechada em 1923[7]
21.1902 – Thebaida SE, fechada em 1920
22.1902 – Orfanato S. Joaquim, posteriormente deixado pelos SDB
23.1902 - Ladário, fechada em 1911
24.1904 - Bagé RS
25.1905 – Batatais, fechada em 1910
26.1905 - Rio das Garças, fechada em 1923
27.1905 - Rio das Mortes, fechada em 1934
28.1906 – Sangradouro, fechada posteriormente.
29.1907 – Palmeiras, fechada em 1921
30.1908 – Lorena – Escola Agrícola Coronel José Vicente
31.1909 – Oratório da “Thebaidinha” em Aracaju
32.1909 – Barbacena, fechada em 1918
33.1909 – Campinas
34.1909 – Rio de Janeiro
35.1911 – Colégio N. Senhora Auxiliadora (Rua da Aurora, Aracaju)
36.1912 – Colégio N. Senhora Auxiliadora (Rua Pacatuba/Maruim, Aracaju)
37.1914 – Colégio N. Senhora Auxiliadora (Thebaidinha, funcionando no mesmo local até aos nossos dias)
38.1914 – Lavrinhas
39.1914 – Uaupés (Rio Negro, S. Gabriel da Cachoeira)
40.1915 – Campos do Jordão
41.1916 – Araguaiana (Instituto N. Senhora Auxiliadora)
42.1917 – Ascurra (ginásio S. Paulo)
43.1917 – Luiz Alves, fechada em 1939
44.1918 – Arrozeira, hoje Rio dos Cedros
45.1919 – Instituto Dom Bosco, S. Paulo Capital (desde 1914 funcionava ali a Paróquia de Nossa Senhora Auxiliadora do Bom Retiro)





[1] Designação dada por Baldus, aos missionários salesianos. Fevereiro de 1970, em conferência no Anthropos do Brasil, S. Paulo. Centro de..., CÉSAR, Catequese/75, p 51.
[2] Acta Sanctae Sedis, XXVI, p. 6.Cartas 123 e 166., em A. Ferreira. Epistolário, II.
[3] Luigi LASAGNA, Epistolário, Vol. II (1881 – 1892). Introduzione, note critiche e testo a cura di Antonio Ferreira, LAS – ROMA, 1997. Cartas 123 e 166., em A. Ferreira. Epistolário, II.
[4] No elenco geral em italiano (1894) o enderêço é: Collegio do Sagrado Coração de Jesus (Brazil) Pernambuco.
[5] Os salesianos em 2001, incluindo bispos, prelados e noviços eram 16.913.
[6] Tachos é um côrrego, afluente do rio Barreiro. (Vide L’Opera Salesiana dal 1880 al 1922 significatività e portata sociale, vol. III, p. 241).
[7] Naquele ano a Colônia foi transferida para um outro local, onde havia mais água. Passou a chamar-se Meruri. Idem, p. 254.

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