Uma
leitura superficial dos textos bíblicos, que a liturgia de hoje nos oferece,
pode induzir-nos em erro e levar-nos a concluir que a nossa relação com Deus é
semelhante à que podemos ter com um banco: depositamos determinada soma e, no
devido tempo, vamos levantar os juros. Na primeira leitura o rendimento seria
sete vezes maior do que o depósito. No evangelho, os ganhos seriam a cem por
cento.
O mais
importante é construir uma relação interior com o Senhor. É esse o objectivo
principal da Lei. Mas há que estar atentos ao próximo, porque o bem que se faz
aos outros também é sacrifício agradável a Deus. Dar esmolas equivale a um
sacrifício de louvor a Deus.
Aqui
se trata tb de entrar em comunhão com Alguém. O que mais vale é a oferta da
nossa vida, na fidelidade à vontade de Deus, na generosidade em seguir os seus
ensinamentos.
Oferecemosa
Deus nossa vida. A recompensa do dom, por parte de Deus, que Lhe fazemos,
acontece a nível pessoal: é-nos dada «a vida eterna», isto é, a visão de Deus,
a comunhão plena e definitiva com a Trindade. Seguir a Cristo, significa entrar
com Ele, por Ele e n´Ele, no mistério da Trindade. É este o verdadeiro «cem
vezes mais».
Na
celebração eucarística, vivemos este mistério. Oferecemos o pão e o vinho, que recebemos
da bondade e da generosidade do Criador, para que se tornem, para nós, «Pão da
vida» e «Vinho da salvação». Esta é a dinâmica da nossa vida cristã, que nos
deve encher de alegria, porque somos, na verdade, envolvidos pela generosidade
divina que tudo nos dá, para que o possamos oferecer e receber ainda mais.
Trata-se de uma verdadeira exigência do amor, da caridade que anima a Igreja:
quanto recebemos do amor de Deus, deve ser partilhado largamente com os
outros... Jesus ordena-o aos discípulos, quando os envia em missão: «Recebestes
gratuitamente, dai gratuitamente» (Mt 10, 8).
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